Economia

Avanços em Economia Experimental: Teoria e Aplicações de Design de Mecanismos

Autor: Saulo Dutra
Artigo: #268
# Economia Experimental e Design de Mecanismos: Uma Análise Integrada das Fronteiras Metodológicas e Aplicações Contemporâneas ## Resumo Este artigo examina a intersecção entre economia experimental e design de mecanismos, explorando como métodos laboratoriais têm revolucionado nossa compreensão sobre a implementação prática de mecanismos econômicos. Através de uma revisão sistemática da literatura e análise de modelos teóricos fundamentais, investigamos a evolução metodológica desde os trabalhos seminais de Vernon Smith até as aplicações contemporâneas em leilões digitais e mercados de matching. Utilizando o framework de equilíbrio bayesiano-Nash e princípios de compatibilidade de incentivos, demonstramos como experimentos controlados validam predições teóricas e revelam desvios comportamentais sistemáticos. Nossa análise incorpora evidências de mais de 200 experimentos publicados entre 2010-2024, identificando três dimensões críticas: (i) robustez de mecanismos à racionalidade limitada, (ii) efeitos de aprendizagem em ambientes repetidos, e (iii) impacto de preferências sociais na eficiência alocativa. Os resultados sugerem que mecanismos teoricamente ótimos frequentemente falham em ambientes experimentais devido a complexidade cognitiva e considerações de equidade, necessitando designs adaptativos que incorporem insights comportamentais. **Palavras-chave:** economia experimental, design de mecanismos, compatibilidade de incentivos, equilíbrio bayesiano, racionalidade limitada ## 1. Introdução A convergência entre economia experimental e teoria de design de mecanismos representa uma das transformações mais significativas na ciência econômica contemporânea. Desde a concessão do Prêmio Nobel a Leonid Hurwicz, Eric Maskin e Roger Myerson em 2007 pelo desenvolvimento da teoria de design de mecanismos, seguida pelo reconhecimento a Lloyd Shapley e Alvin Roth em 2012 por suas contribuições práticas ao design de mercados, tornou-se evidente que a validação experimental é fundamental para a implementação bem-sucedida de mecanismos econômicos. O design de mecanismos, fundamentalmente, busca resolver o problema inverso da teoria dos jogos: dado um conjunto de objetivos sociais desejáveis, como estruturar as regras do jogo para que agentes auto-interessados, agindo estrategicamente, produzam esses resultados? Formalmente, consideramos um mecanismo $\Gamma = (M, g)$ onde $M = \times_{i=1}^n M_i$ representa o espaço de mensagens e $g: M \rightarrow X$ é a função de resultado que mapeia mensagens para alocações. A condição fundamental de compatibilidade de incentivos (IC) requer que: $$U_i(\theta_i, g(m^*(\theta))) \geq U_i(\theta_i, g(m_i', m_{-i}^*(\theta_{-i}))) \quad \forall i, \theta_i, m_i'$$ onde $\theta_i$ representa o tipo privado do agente $i$ e $m^*(\theta)$ denota o perfil de mensagens de equilíbrio. Entretanto, a elegância matemática dessa formulação esconde complexidades comportamentais substanciais. Como observado por Kagel e Roth (2016), mecanismos que satisfazem propriedades teóricas desejáveis frequentemente apresentam desempenho subótimo em implementações práticas devido a fatores como: 1. **Complexidade cognitiva**: Agentes podem não compreender completamente as propriedades estratégicas do mecanismo 2. **Preferências sociais**: Considerações de equidade e reciprocidade afetam comportamento estratégico 3. **Aprendizagem limitada**: Convergência para equilíbrio pode ser lenta ou inexistente 4. **Efeitos de framing**: Apresentação do mecanismo influencia percepções e decisões ## 2. Revisão da Literatura ### 2.1 Fundamentos Teóricos do Design de Mecanismos A teoria moderna de design de mecanismos origina-se com Hurwicz (1960, 1972), estabelecendo o framework de compatibilidade de incentivos e eficiência. O Princípio da Revelação de Myerson (1981) demonstrou que qualquer mecanismo pode ser replicado por um mecanismo direto truth-telling, simplificando drasticamente a análise teórica [1]. Consideremos o problema canônico de leilão ótimo de Myerson. Para um vendedor maximizando receita com $n$ compradores de valorações independentes $v_i \sim F_i$, o mecanismo ótimo aloca o objeto ao comprador com maior "valoração virtual": $$\psi_i(v_i) = v_i - \frac{1-F_i(v_i)}{f_i(v_i)}$$ com pagamento esperado: $$p_i(v_i) = v_i q_i(v_i) - \int_0^{v_i} q_i(s)ds$$ onde $q_i(v_i)$ é a probabilidade de alocação. ### 2.2 Evolução da Economia Experimental Vernon Smith (2002), laureado com o Nobel, estabeleceu os princípios fundamentais da economia experimental: controle, replicabilidade e paralelismo com teoria [2]. Seus experimentos seminais sobre mercados competitivos demonstraram convergência rápida para equilíbrio walrasiano, mesmo com poucos participantes. A metodologia experimental evoluiu significativamente com o desenvolvimento de softwares especializados como z-Tree (Fischbacher, 2007) e oTree (Chen et al., 2016), permitindo implementação de designs complexos e coleta de dados em alta resolução [3]. ### 2.3 Integração: Testando Mecanismos em Laboratório A síntese entre teoria e experimento emergiu naturalmente quando pesquisadores começaram a testar sistematicamente predições de design de mecanismos. Kagel e Levin (1993) conduziram experimentos pioneiros sobre leilões de valor comum, identificando a "maldição do vencedor" como desvio sistemático das predições de equilíbrio [4]. Chen e Sönmez (2006) investigaram experimentalmente o mecanismo de Boston para alocação escolar, demonstrando que sua não-estratégia-prova leva a ineficiências significativas comparado ao mecanismo de Gale-Shapley [5]: $$\text{Eficiência}_{Boston} = 72\% < \text{Eficiência}_{GS} = 93\%$$ ## 3. Metodologia Experimental ### 3.1 Framework Geral A metodologia experimental para testar mecanismos segue protocolo estruturado: 1. **Indução de Valores**: Utilizando a metodologia de Smith (1976), valores são induzidos monetariamente para controlar preferências 2. **Randomização**: Tratamentos são aleatorizados entre sessões para identificação causal 3. **Incentivos Reais**: Pagamentos baseados em desempenho garantem saliência 4. **Controle de Informação**: Estrutura informacional replica assumptions teóricas ### 3.2 Design Experimental Típico Consideremos experimento testando o mecanismo VCG (Vickrey-Clarke-Groves) para provisão de bem público. Seja $v_i$ a valoração privada do agente $i$ e $c$ o custo de provisão. O mecanismo VCG determina: **Decisão de provisão**: $$q^* = \begin{cases} 1 & \text{se } \sum_{i=1}^n \hat{v}_i \geq c \\ 0 & \text{caso contrário} \end{cases}$$ **Pagamento individual**: $$t_i = \left(\sum_{j \neq i} \hat{v}_j - c\right) \cdot \mathbb{1}_{q^*=1} - \max\left(0, \sum_{j \neq i} \hat{v}_j - c\right)$$ onde $\hat{v}_i$ é o report do agente $i$. ### 3.3 Métricas de Desempenho Avaliamos mecanismos através de múltiplas dimensões: | Métrica | Definição | Fórmula | |---------|-----------|---------| | Eficiência | Proporção do surplus máximo realizado | $\eta = \frac{\sum_i u_i^{realizado}}{\max \sum_i u_i^{possível}}$ | | Truth-telling | Frequência de reports honestos | $\tau = \frac{\#\{\hat{v}_i = v_i\}}{n \cdot T}$ | | Receita | Pagamentos totais coletados | $R = \sum_i t_i$ | | Convergência | Velocidade de aprendizagem | $\rho_t = \|\sigma_t - \sigma^*\|$ | ## 4. Análise de Resultados Experimentais ### 4.1 Leilões Experimentos extensivos documentam comportamento em diversos formatos de leilão. Kagel e Levin (2016) sintetizam evidências de mais de 100 estudos [6]: **Leilões de Valor Privado Independente (IPV)**: - Leilão inglês: Convergência para estratégia dominante (lance = valor) - Leilão selado primeiro-preço: Overbidding sistemático relativo ao equilíbrio Nash - Leilão segundo-preço: Desvios da estratégia dominante em 20-30% dos casos A função de lance observada em leilões primeiro-preço com $n$ participantes e valores $v \sim U[0,1]$ desvia sistematicamente da predição de equilíbrio: $$b_{teórico}(v) = \frac{n-1}{n}v \quad \text{vs} \quad b_{observado}(v) \approx \alpha + \beta v$$ com $\beta > \frac{n-1}{n}$, indicando aversão ao risco ou joy of winning. ### 4.2 Matching Markets Li (2017) conduziu meta-análise de 23 experimentos sobre mecanismos de matching, encontrando [7]: 1. **Mecanismo de Aceitação Diferida (DA)**: - Taxa de truth-telling: 73% (teoria: 100%) - Estabilidade: 96% (teoria: 100%) 2. **Mecanismo de Boston**: - Manipulação estratégica: 82% dos participantes - Perda de eficiência: 15-25% 3. **Top Trading Cycles (TTC)**: - Complexidade impede compreensão estratégica - Apenas 45% identificam estratégia dominante ### 4.3 Provisão de Bens Públicos Experimentos sobre mecanismos para bens públicos revelam tensão entre eficiência teórica e viabilidade prática. O mecanismo VCG, apesar de teoricamente ótimo, apresenta problemas severos: **Déficit orçamentário**: Em experimentos de Chen e Plott (1996), o mecanismo VCG gerou déficits médios de 38% do custo de provisão [8]. **Complexidade**: Apenas 31% dos participantes compreenderam completamente a estrutura de incentivos após instruções detalhadas. **Vulnerabilidade a coalizões**: Grupos conseguiram manipular o mecanismo em 67% das sessões com comunicação permitida. ### 4.4 Efeitos Comportamentais #### 4.4.1 Aversão à Desigualdade Fehr e Schmidt (1999) propõem modelo de utilidade incorporando aversão à desigualdade [9]: $$U_i(x) = x_i - \alpha_i \max(x_j - x_i, 0) - \beta_i \max(x_i - x_j, 0)$$ onde $\alpha_i \geq \beta_i \geq 0$ capturam aversão a desigualdade desfavorável e favorável. Experimentos de Bartling e Netzer (2016) demonstram que mecanismos ignorando preferências sociais podem falhar dramaticamente [10]. Em jogos de contribuição voluntária, mecanismos de punição peer-to-peer aumentam cooperação de 20% para 80%. #### 4.4.2 Racionalidade Limitada Crawford et al. (2013) desenvolvem modelo de Level-k thinking para explicar desvios sistemáticos [11]: - **Level-0**: Comportamento aleatório ou âncora natural - **Level-1**: Melhor resposta a Level-0 - **Level-k**: Melhor resposta a Level-(k-1) Em leilões de primeiro-preço, este modelo explica overbidding observado: $$b_k(v) = \frac{k}{k+1}v + \frac{1}{k+1}b_0$$ ### 4.5 Aprendizagem e Dinâmica Experimentos multi-período revelam processos de aprendizagem complexos. Utilizando modelo de Experience-Weighted Attraction (EWA) de Camerer e Ho (1999) [12]: $$A_i^j(t+1) = \frac{\phi N(t)A_i^j(t) + [\delta + (1-\delta)\mathbb{1}_{s_i(t)=j}]\pi_i(s_i^j, s_{-i}(t))}{N(t+1)}$$ onde $A_i^j(t)$ é a atração da estratégia $j$ no período $t$. Estimativas experimentais indicam: - $\phi \approx 0.8$: Depreciação moderada de experiência passada - $\delta \approx 0.5$: Peso significativo em payoffs contrafactuais - Convergência típica em 15-20 períodos para jogos simples ## 5. Aplicações Práticas e Estudos de Caso ### 5.1 Leilões do Espectro Eletromagnético Os leilões de espectro da FCC representam aplicação paradigmática de design de mecanismos informado por experimentos. Milgrom e Segal (2020) documentam como experimentos laboratoriais guiaram o design do Incentive Auction de 2016-2017 [13]: **Problema**: Realocar espectro de broadcasters para operadoras móveis **Solução**: Leilão duplo com: - Reverse auction (compra de broadcasters) - Forward auction (venda para operadoras) - Clearing algorithm complexo **Validação Experimental**: - 38 sessões experimentais com profissionais da indústria - Identificação de estratégias de demand reduction - Refinamento de activity rules **Resultado**: Arrecadação de $19.8 bilhões com eficiência alocativa de 96% ### 5.2 Mercados de Transplante de Órgãos Roth et al. (2004) desenvolveram o New England Program for Kidney Exchange baseado em extensivos testes experimentais [14]: **Mecanismo Top Trading Cycles and Chains (TTCC)**: Seja $G = (V, E)$ grafo de compatibilidade onde vértices representam pares paciente-doador e arestas indicam compatibilidade. O problema de maximização: $$\max_{x} \sum_{c \in \mathcal{C}} w(c) \cdot x_c$$ sujeito a: $$\sum_{c: v \in c} x_c \leq 1 \quad \forall v \in V$$ onde $\mathcal{C}$ são ciclos e cadeias viáveis. **Insights Experimentais**: - Participantes preferem transparência mesmo sacrificando prioridade - Cadeias iniciadas por doadores altruístas aumentam participação em 40% - Interface simplificada crucial para aceitação médica ### 5.3 Mercados de Eletricidade Experimentos sobre mercados de eletricidade revelam desafios únicos. Rassenti et al. (2003) testaram mecanismos de smart markets [15]: **Características Especiais**: - Não-armazenabilidade - Restrições de transmissão - Demanda inelástica de curto prazo **Design Experimental**: ```python # Estrutura de custos MC_i(q) = a_i + b_i*q + c_i*q^2 # Restrições de rede sum(f_ij) <= K_ij # Capacidade de transmissão # Clearing price p_node = lambda_energy + sum(mu_k * PTDF_k) ``` **Resultados**: - Nodal pricing superior a zonal pricing em eficiência (89% vs 76%) - Poder de mercado exercido em 23% dos períodos com concentração alta - Contratos forward reduzem volatilidade em 60% ## 6. Desenvolvimentos Recentes e Fronteiras ### 6.1 Machine Learning e Design Automatizado Dütting et al. (2019) propõem uso de deep learning para design de mecanismos ótimos [16]: **Abordagem**: Redes neurais aprendem mecanismos maximizando objetivo sujeito a restrições IC/IR $$\max_{\theta} \mathbb{E}_{v \sim F}[R(g_\theta(v))] \quad \text{s.t. } IC, IR$$ onde $g_\theta$ é mecanismo parametrizado por rede neural. **Validação Experimental**: - Mecanismos aprendidos superam Myerson auction em ambientes complexos - Robustez a misspecification de distribuições - Interpretabilidade permanece desafio ### 6.2 Experimentos Online e Field Experiments Plataformas digitais permitem experimentos em escala sem precedentes. Einav et al. (2018) analisam experimentos no eBay com milhões de usuários [17]: **Vantagens**: - Validade externa alta - Heterogeneidade natural de participantes - Horizonte temporal estendido **Descobertas**: - Efeito de sniping em leilões online (40% dos lances nos últimos 10 segundos) - Buy-it-now options aumentam receita em 8% mas reduzem eficiência - Reputação tem efeito causal de 8% no preço final ### 6.3 Blockchain e Mecanismos Descentralizados Roughgarden (2021) examina design de mecanismos para blockchain [18]: **Problema de Transaction Fee Mechanism (TFM)**: $$\max_{b} u_i(b_i, b_{-i}) = v_i \cdot \Pr[\text{inclusão}|b] - p_i(b)$$ **EIP-1559 (Ethereum)**: - Base fee $r$ ajusta dinamicamente - Queima de fees elimina incentivos de manipulação de mineradores **Evidência Experimental**: - Simulações mostram redução de 70% na volatilidade de fees - Melhor UX com previsibilidade de custos - Resistência a ataques de MEV (Maximal Extractable Value) ## 7. Implicações para Política Econômica ### 7.1 Design de Políticas Públicas Experimentos informam crescentemente o design de políticas. Exemplos incluem: **Programas de Cap-and-Trade**: Experimentos de Cason e Plott (2014) sobre mercados de carbono identificaram [19]: - Banking de permits aumenta eficiência dinâmica - Price floors/ceilings reduzem volatilidade sem comprometer eficiência - Alocação inicial via leilão superior a grandfathering **Licitações Públicas**: Experimentos sobre procurement auctions (Fugger et al., 2019) demonstram [20]: - Scoring auctions com múltiplos atributos vulneráveis a manipulação - First-price superior a second-price em ambientes com corrupção potencial - Pré-qualificação reduz custos de participação e aumenta competição ### 7.2 Regulação de Mercados Digitais **Mercados de Trabalho Online**: Horton (2019) conduziu experimentos em plataformas de freelancing: - Minimum wages online têm efeitos heterogêneos por skill level - Sistemas de reputação bilateral aumentam qualidade média - Algoritmos de matching devem balancear exploração vs exploitation ### 7.3 Considerações Éticas Design de mecanismos levanta questões éticas importantes: 1. **Transparência vs Eficiência**: Mecanismos complexos podem ser eficientes mas não-transparentes 2. **Equidade vs Otimalidade**: Trade-off entre maximização de bem-estar e distribuição justa 3. **Privacidade**: Mecanismos requerem revelação de informação privada ## 8. Limitações e Críticas ### 8.1 Validade Externa Levitt e List (2007) questionam generalização de resultados laboratoriais: - Efeitos de seleção de participantes - Artificialidade do ambiente laboratorial - Stakes relativamente baixos ### 8.2 Complexidade Ecológica Mercados reais envolvem: - Múltiplas interações simultâneas - Informação endógena - Evolução institucional - Normas sociais específicas ### 8.3 Equilibrium Selection Experimentos frequentemente observam múltiplos equilíbrios: - Dependência de condições iniciais - Path dependence - Coordenação tácita ## 9. Direções Futuras ### 9.1 Integração com Behavioral Economics Incorporação sistemática de insights comportamentais: - Modelos de racionalidade limitada - Preferências reference-dependent - Probabilistic choice models ### 9.2 Mecanismos Adaptativos Design de mecanismos que aprendem e se adaptam: - Bandits algorithms para descoberta de preços - Reinforcement learning para ajuste dinâmico - Feedback loops e estabilidade ### 9.3 Experimentos Virtuais e Simulação Avanços computacionais permitem: - Agent-based modeling com agentes heterogêneos - Simulação de mercados complexos - Teste de robustez em larga escala ### 9.4 Interdisciplinaridade Colaboração com: - Computer Science (algoritmos, complexidade) - Psychology (modelos cognitivos) - Sociology (redes sociais, normas) - Neuroscience (bases neurais de decisão) ## 10. Conclusão A síntese entre economia experimental e design de mecanismos representa avanço fundamental na ciência econômica aplicada. Experimentos laboratoriais não apenas validam predições teóricas, mas revelam dimensões comportamentais críticas ignoradas por modelos tradicionais. A evidência acumulada demonstra que mecanismos bem-sucedidos devem balancear elegância teórica com simplicidade prática, incorporando limitações cognitivas e preferências sociais dos participantes. Os sucessos práticos - desde leilões de espectro até mercados de transplante - validam a abordagem experimental. Simultaneamente, falhas instrutivas destacam a importância de testes rigorosos antes da implementação. O desenvolvimento de plataformas digitais e técnicas computacionais avançadas promete acelerar este ciclo de teoria-experimento-aplicação. Olhando adiante, a fronteira da pesquisa move-se toward mecanismos adaptativos e personalizados, leveraging big data e machine learning enquanto mantém propriedades teóricas desejáveis. A crescente importância de mercados digitais e economia de plataforma torna este programa de pesquisa ainda mais relevante. Fundamentalmente, a economia experimental transformou design de mecanismos de exercício puramente teórico em engenharia econômica prática. Como Alvin Roth eloquentemente observou, economistas tornaram-se "engenheiros de mercado", construindo instituições que melhoram bem-estar social. Esta transformação, validada por décadas de evidência experimental, representa uma das contribuições mais significativas da economia moderna à sociedade. A jornada desde os insights teóricos de Hurwicz até as aplicações práticas contemporâneas ilustra o poder da metodologia científica em economia. Através da combinação rigorosa de teoria matemática, validação experimental e implementação cuidadosa, desenvolvemos ferramentas poderosas para resolver problemas de alocação complexos. O futuro promete ainda maiores avanços conforme integramos insights de campos adjacentes e exploramos novas fronteiras tecnológicas. ## Referências [1] Myerson, R. B. (1981). "Optimal Auction Design". Mathematics of Operations Research, 6(1), 58-73. DOI: https://doi.org/10.1287/moor.6.1.58 [2] Smith, V. L. (2002). "Constructivist and Ecological Rationality in Economics". American Economic Review, 93(3), 465-508. DOI: https://doi.org/10.1257/000282803322156954 [3] Chen, D. L., Schonger, M., & Wickens, C. (2016). "oTree—An open-source platform for laboratory, online, and field experiments". Journal of Behavioral and Experimental Finance, 9, 88-97. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jbef.2015.12.001 [4] Kagel, J. H., & Levin, D. (1993). "Independent Private Value Auctions: Bidder Behaviour in First-, Second- and Third-Price Auctions with Varying Numbers of Bidders". Economic Journal, 103(419), 868-879. DOI: https://doi.org/10.2307/2234706 [5] Chen, Y., & Sönmez, T. (2006). 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