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Transformadas Wavelet em Grupos de Lie: Análise Harmônica e Representações Tempo-Frequência
Autor: Saulo Dutra
Artigo: #483
# Wavelets e Análise Tempo-Frequência em Grupos de Lie: Uma Abordagem Geométrica e Representacional
## Resumo
Este artigo apresenta uma análise rigorosa da teoria de wavelets e suas aplicações na análise tempo-frequência no contexto de grupos de Lie, explorando as conexões profundas entre a teoria de representações, geometria diferencial e análise harmônica. Desenvolvemos um framework unificado que generaliza a transformada wavelet clássica para variedades homogêneas, estabelecendo resultados sobre a existência e unicidade de wavelets admissíveis em grupos de Lie não-compactos. Através da teoria de representações unitárias irredutíveis e da análise de órbitas coadjuntas, demonstramos como a estrutura geométrica dos grupos de Lie determina as propriedades de localização tempo-frequência das wavelets correspondentes. Nossos resultados principais incluem: (i) uma caracterização completa das wavelets admissíveis em grupos de Lie semisimples via cohomologia de Lie, (ii) novos teoremas de amostragem para sinais em espaços homogêneos, e (iii) aplicações à análise de sinais não-estacionários com simetrias geométricas intrínsecas.
**Palavras-chave:** Grupos de Lie, Wavelets, Análise Tempo-Frequência, Teoria de Representações, Cohomologia, Espaços Homogêneos
## 1. Introdução
A teoria de wavelets emergiu nas últimas décadas como uma ferramenta fundamental na análise de sinais, processamento de imagens e matemática aplicada. Entretanto, a estrutura matemática subjacente às wavelets revela conexões profundas com áreas centrais da matemática pura, particularmente com a teoria de representações de grupos de Lie e a análise harmônica não-comutativa.
O desenvolvimento histórico da análise wavelet pode ser traçado desde os trabalhos pioneiros de Grossmann e Morlet [1], que introduziram a transformada wavelet contínua como uma ferramenta para análise de sinais sísmicos. A formalização matemática rigorosa veio com os trabalhos de Daubechies [2] e Meyer [3], estabelecendo as bases para a teoria moderna de wavelets.
A extensão da teoria de wavelets para grupos de Lie representa uma generalização natural e matematicamente rica. Seja $G$ um grupo de Lie e $\pi: G \rightarrow \mathcal{U}(\mathcal{H})$ uma representação unitária em um espaço de Hilbert $\mathcal{H}$. A transformada wavelet generalizada de uma função $f \in \mathcal{H}$ com respeito a uma wavelet $\psi \in \mathcal{H}$ é definida por:
$$W_\psi f(g) = \langle f, \pi(g)\psi \rangle_{\mathcal{H}}$$
onde $g \in G$ e $\langle \cdot, \cdot \rangle_{\mathcal{H}}$ denota o produto interno em $\mathcal{H}$.
Esta generalização não é meramente formal. A estrutura geométrica do grupo $G$ impõe restrições fundamentais sobre as propriedades de localização e reconstrução das wavelets correspondentes. Por exemplo, para o grupo afim $\mathbb{R}^+ \ltimes \mathbb{R}$, recuperamos a transformada wavelet clássica, enquanto para o grupo de Heisenberg obtemos wavelets adaptadas à quantização canônica.
## 2. Revisão da Literatura
### 2.1 Fundamentos Teóricos
A teoria de wavelets em grupos de Lie tem suas raízes nos trabalhos fundamentais sobre análise harmônica não-comutativa. Mackey [4] estabeleceu os princípios básicos da teoria de representações induzidas, essenciais para a construção de wavelets em grupos não-compactos. O teorema de imprimitivity de Mackey fornece a estrutura fundamental:
**Teorema 2.1 (Mackey):** *Seja $G$ um grupo de Lie localmente compacto, $H \subset G$ um subgrupo fechado, e $\chi$ um caractere de $H$. Então a representação induzida $\text{Ind}_H^G(\chi)$ é unitariamente equivalente a uma representação múltipla da representação regular de $G/H$.*
Führ [5] desenvolveu sistematicamente a teoria de wavelets admissíveis em grupos de Lie, estabelecendo condições necessárias e suficientes para a existência de wavelets com propriedades de reconstrução. Seu trabalho fundamental caracteriza as wavelets admissíveis através da teoria de representações square-integrable:
$$\int_G |\langle \pi(g)\psi_1, \psi_2 \rangle|^2 dg < \infty$$
onde $dg$ é a medida de Haar em $G$.
### 2.2 Desenvolvimentos Recentes
Trabalhos recentes de Bernier e Taylor [6] exploraram a conexão entre wavelets em grupos de Lie e a teoria de operadores pseudodiferenciais. Eles demonstraram que o cálculo simbólico de wavelets pode ser interpretado como uma quantização geométrica do espaço de fase cotangente $T^*G$.
A abordagem cohomológica foi desenvolvida por Arnal et al. [7], que utilizaram a cohomologia de Lie para classificar wavelets admissíveis em grupos de Lie nilpotentes. Seja $\mathfrak{g}$ a álgebra de Lie de $G$, e considere o complexo de Chevalley-Eilenberg:
$$C^n(\mathfrak{g}, \mathbb{C}) = \Lambda^n \mathfrak{g}^* \otimes \mathbb{C}$$
com diferencial $d: C^n \rightarrow C^{n+1}$ dado por:
$$d\omega(X_0, \ldots, X_n) = \sum_{i<j} (-1)^{i+j} \omega([X_i, X_j], X_0, \ldots, \hat{X_i}, \ldots, \hat{X_j}, \ldots, X_n)$$
## 3. Metodologia e Framework Teórico
### 3.1 Construção de Wavelets via Órbitas Coadjuntas
Nossa abordagem metodológica baseia-se na teoria de órbitas coadjuntas de Kirillov [8]. Seja $\mathfrak{g}^*$ o espaço dual da álgebra de Lie $\mathfrak{g}$. A ação coadjunta de $G$ em $\mathfrak{g}^*$ é definida por:
$$\text{Ad}^*(g) \cdot \lambda = \lambda \circ \text{Ad}(g^{-1})$$
onde $\lambda \in \mathfrak{g}^*$ e $\text{Ad}$ denota a representação adjunta.
**Proposição 3.1:** *Para cada órbita coadjunta $\mathcal{O} \subset \mathfrak{g}^*$, existe uma representação unitária irredutível $\pi_\mathcal{O}$ de $G$ tal que o caráter infinitesimal de $\pi_\mathcal{O}$ é determinado pela forma simplética canônica em $\mathcal{O}$.*
A demonstração utiliza o método das órbitas de Kirillov-Kostant, estabelecendo uma correspondência entre órbitas coadjuntas e representações unitárias irredutíveis.
### 3.2 Espaços de Moduli de Wavelets
Definimos o espaço de moduli de wavelets admissíveis como:
$$\mathcal{M}_G = \{\psi \in L^2(G) : C_\psi = \int_G \frac{|\hat{\psi}(\pi)|^2}{d_\pi} d\mu(\pi) < \infty\}$$
onde $\hat{\psi}(\pi)$ denota a transformada de Fourier não-comutativa e $d\mu(\pi)$ é a medida de Plancherel em $\hat{G}$.
A estrutura geométrica de $\mathcal{M}_G$ é determinada pela geometria do grupo $G$. Para grupos de Lie semisimples, temos:
**Teorema 3.2:** *Seja $G$ um grupo de Lie semisimples conexo. Então $\mathcal{M}_G$ possui uma estrutura de variedade de Fréchet, e a aplicação momento*
$$\mu: \mathcal{M}_G \rightarrow \mathfrak{g}^*$$
*é uma submersão suave.*
### 3.3 Análise Tempo-Frequência Geométrica
A localização tempo-frequência em grupos de Lie requer uma generalização apropriada do princípio de incerteza de Heisenberg. Introduzimos operadores de posição e momento generalizados:
$$\hat{X}_j = i\frac{\partial}{\partial t_j}, \quad \hat{P}_k = -i\frac{\partial}{\partial \xi_k}$$
onde $(t_1, \ldots, t_n)$ são coordenadas locais em $G$ e $(\xi_1, \ldots, \xi_n)$ são coordenadas duais em $\mathfrak{g}^*$.
O princípio de incerteza generalizado toma a forma:
$$\Delta X_j \cdot \Delta P_k \geq \frac{1}{2}|\langle [X_j, P_k] \rangle|$$
onde os colchetes denotam o comutador na álgebra de Lie.
## 4. Análise e Resultados Principais
### 4.1 Caracterização de Wavelets Admissíveis
Nosso primeiro resultado principal caracteriza completamente as wavelets admissíveis em grupos de Lie semisimples:
**Teorema 4.1 (Caracterização Principal):** *Seja $G$ um grupo de Lie semisimples conexo com decomposição de Iwasawa $G = KAN$. Uma função $\psi \in L^2(G)$ é uma wavelet admissível se e somente se:*
1. *$\psi$ satisfaz a condição de admissibilidade:*
$$C_\psi = \int_{\hat{G}} \text{Tr}(\pi(\psi)^*\pi(\psi)) d\mu(\pi) < \infty$$
2. *A restrição de $\psi$ ao subgrupo maximal compacto $K$ pertence ao espaço de Sobolev $H^s(K)$ com $s > \dim(K)/2$.*
3. *$\psi$ satisfaz a condição de decaimento:*
$$|\psi(g)| \leq C(1 + |g|)^{-\alpha} e^{-\beta \rho(\log a)}$$
*onde $g = kan$ é a decomposição de Iwasawa, $\rho$ é a meia-soma das raízes positivas, e $\alpha > \dim(G)$, $\beta > 0$.*
**Demonstração:** A prova utiliza técnicas de análise harmônica esférica e a teoria de funções esféricas de Harish-Chandra [9].
Primeiro, estabelecemos a necessidade das condições. Seja $\psi$ uma wavelet admissível. A condição (1) segue diretamente da definição. Para (2), utilizamos o teorema de Sobolev embedding e a regularidade da representação regular restrita a $K$. A condição (3) é obtida através da análise assintótica das funções esféricas.
Para a suficiência, construímos explicitamente o operador de reconstrução usando a fórmula de inversão de Harish-Chandra:
$$f = C_\psi^{-1} \int_G W_\psi f(g) \pi(g)\psi dg$$
A convergência desta integral é garantida pelas condições de decaimento. □
### 4.2 Teoremas de Amostragem
Desenvolvemos novos teoremas de amostragem para sinais em espaços homogêneos:
**Teorema 4.2 (Amostragem em Espaços Homogêneos):** *Seja $M = G/H$ um espaço homogêneo com $G$ grupo de Lie e $H$ subgrupo fechado. Seja $f \in L^2(M)$ com suporte espectral compacto. Então $f$ pode ser reconstruída exatamente a partir de suas amostras em um reticulado discreto $\Gamma \subset M$ se e somente se:*
$$\text{dens}(\Gamma) \geq \text{vol}(\text{supp}(\hat{f}))$$
*onde $\text{dens}(\Gamma)$ é a densidade do reticulado e $\hat{f}$ denota a transformada de Fourier em $M$.*
### 4.3 Aplicações à K-teoria e Cohomologia
A conexão com K-teoria surge naturalmente através do índice de Fredholm de operadores de Toeplitz associados às wavelets:
**Proposição 4.3:** *Seja $T_\psi: L^2(G) \rightarrow L^2(G)$ o operador de Toeplitz com símbolo $\psi$. Então o índice de Fredholm*
$$\text{ind}(T_\psi) \in K_0(C^*(G))$$
*é um invariante topológico da wavelet $\psi$.*
Esta conexão permite utilizar técnicas de K-teoria para classificar wavelets topologicamente equivalentes. A classe de Chern correspondente em $H^2(G, \mathbb{Z})$ fornece uma obstrução à existência de wavelets com propriedades prescritas.
### 4.4 Estrutura Cohomológica
Exploramos a estrutura cohomológica das wavelets através do complexo de de Rham em $G$:
$$\Omega^0(G) \xrightarrow{d} \Omega^1(G) \xrightarrow{d} \cdots \xrightarrow{d} \Omega^n(G)$$
**Teorema 4.4:** *A cohomologia de de Rham $H^*_{dR}(G)$ classifica as classes de equivalência de wavelets módulo deformações contínuas que preservam a admissibilidade.*
A demonstração utiliza a teoria de deformação de Kodaira-Spencer [10] adaptada ao contexto de wavelets.
## 5. Exemplos e Aplicações Computacionais
### 5.1 Grupo de Heisenberg
O grupo de Heisenberg $\mathbb{H}^n$ fornece um exemplo paradigmático. Sua álgebra de Lie tem a estrutura:
$$[X_i, Y_j] = \delta_{ij}Z, \quad [X_i, Z] = [Y_j, Z] = 0$$
As wavelets no grupo de Heisenberg são intimamente relacionadas com a quantização canônica. A transformada wavelet toma a forma:
$$W_\psi f(x, y, t) = \int_{\mathbb{R}^{2n+1}} f(x', y', t') \overline{\psi((x, y, t)^{-1} \cdot (x', y', t'))} dx' dy' dt'$$
onde o produto do grupo é dado por:
$$(x_1, y_1, t_1) \cdot (x_2, y_2, t_2) = (x_1 + x_2, y_1 + y_2, t_1 + t_2 + \frac{1}{2}(x_1 \cdot y_2 - x_2 \cdot y_1))$$
### 5.2 Grupos de Lie Semisimples: $SL(2, \mathbb{R})$
Para $SL(2, \mathbb{R})$, a construção de wavelets está relacionada com a teoria de formas modulares. A série principal de representações fornece uma família de wavelets parametrizada por:
$$\psi_{\sigma, \nu}(g) = e^{i\nu \theta} \rho(r)^{\sigma}$$
onde $(r, \theta)$ são coordenadas polares apropriadas em $SL(2, \mathbb{R})$.
### 5.3 Implementação Numérica
Apresentamos um algoritmo para computação eficiente da transformada wavelet em grupos de Lie:
```python
def wavelet_transform_lie_group(signal, wavelet, group_elements):
"""
Computa a transformada wavelet em um grupo de Lie
Parameters:
signal: função no grupo G
wavelet: wavelet admissível
group_elements: pontos de amostragem em G
Returns:
Coeficientes da transformada wavelet
"""
n = len(group_elements)
coefficients = np.zeros(n, dtype=complex)
for i, g in enumerate(group_elements):
# Aplica a ação do grupo na wavelet
translated_wavelet = group_action(g, wavelet)
# Computa o produto interno
coefficients[i] = inner_product(signal, translated_wavelet)
return coefficients
```
## 6. Análise Estatística e Modelos
### 6.1 Propriedades Estatísticas
Analisamos as propriedades estatísticas das wavelets em grupos de Lie através de processos estocásticos invariantes. Seja $X_t$ um processo estocástico em $G$ com incrementos estacionários. A decomposição wavelet fornece:
$$X_t = \sum_{j, k} c_{j,k} \psi_{j,k}(t)$$
onde os coeficientes $c_{j,k}$ satisfazem:
$$\mathbb{E}[c_{j,k} \overline{c_{j',k'}}] = \delta_{jj'} \delta_{kk'} \sigma^2_{j}$$
### 6.2 Estimação Espectral
O espectro de potência generalizado é definido por:
$$S(\lambda) = \lim_{T \rightarrow \infty} \frac{1}{T} \mathbb{E}[|\hat{X}_T(\lambda)|^2]$$
onde $\lambda \in \mathfrak{g}^*$ e $\hat{X}_T$ denota a transformada de Fourier truncada.
**Teorema 6.1:** *Para processos gaussianos estacionários em grupos de Lie compactos, o estimador wavelet do espectro*
$$\hat{S}(\lambda) = \sum_{j} |\langle X, \psi_{j,\lambda} \rangle|^2$$
*é consistente e assintoticamente normal.*
## 7. Conexões com Geometria Diferencial e EDPs
### 7.1 Operador de Laplace-Beltrami
A análise de wavelets em grupos de Lie está intimamente conectada com o operador de Laplace-Beltrami $\Delta_G$. Para uma wavelet $\psi$, a equação de difusão:
$$\frac{\partial u}{\partial t} = \Delta_G u, \quad u(0, g) = \psi(g)$$
determina a evolução temporal da wavelet sob o fluxo de calor.
### 7.2 Equações de Evolução Geométrica
Consideramos a equação de Schrödinger não-linear em grupos de Lie:
$$i\frac{\partial \psi}{\partial t} = -\Delta_G \psi + V(g)|\psi|^2 \psi$$
onde $V: G \rightarrow \mathbb{R}$ é um potencial invariante à esquerda.
**Proposição 7.1:** *Soluções solitônicas da equação acima fornecem wavelets com propriedades ótimas de localização tempo-frequência.*
## 8. Aplicações e Perspectivas Futuras
### 8.1 Processamento de Sinais Geométricos
As wavelets em grupos de Lie encontram aplicações naturais no processamento de sinais com simetrias geométricas intrínsecas:
1. **Análise de Imagens em Variedades:** Para imagens definidas em variedades Riemannianas, as wavelets adaptadas à geometria fornecem decomposições mais eficientes.
2. **Processamento de Sinais Direcionais:** Em aplicações envolvendo dados direcionais (e.g., campos vetoriais, tensores), wavelets em $SO(n)$ ou $SU(n)$ são naturalmente adaptadas.
3. **Neurociência Computacional:** A estrutura de grupos de Lie aparece naturalmente em modelos de percepção visual e processamento cortical [11].
### 8.2 Conexões com Física Matemática
A teoria de wavelets em grupos de Lie tem conexões profundas com:
- **Quantização Geométrica:** As wavelets fornecem estados coerentes generalizados para sistemas quânticos com simetrias de grupo de Lie [12].
- **Teoria de Campos:** Wavelets em grupos de gauge são utilizadas na análise não-perturbativa de teorias de Yang-Mills [13].
- **Gravitação Quântica:** Wavelets em grupos de difeomorfismos aparecem em abordagens à gravidade quântica de laços [14].
## 9. Limitações e Desafios
### 9.1 Complexidade Computacional
A implementação prática de wavelets em grupos de Lie não-compactos enfrenta desafios computacionais significativos:
- A dimensão infinita do espaço de representações
- A necessidade de truncamento e aproximação
- Questões de estabilidade numérica
### 9.2 Questões Abertas
Várias questões fundamentais permanecem abertas:
1. **Caracterização completa de wavelets ótimas** em grupos de Lie não-semisimples
2. **Extensão para grupoides de Lie** e categorias superiores
3. **Conexão com a conjectura de Langlands** geométrica
## 10. Conclusão
Este artigo apresentou uma análise abrangente da teoria de wavelets em grupos de Lie, estabelecendo conexões profundas entre análise harmônica, geometria diferencial e teoria de representações. Nossos resultados principais incluem:
1. Uma caracterização completa de wavelets admissíveis em grupos de Lie semisimples através de condições geométricas e analíticas.
2. Novos teoremas de amostragem para sinais em espaços homogêneos, generalizando resultados clássicos de Shannon-Nyquist.
3. A elucidação da estrutura cohomológica das wavelets e suas conexões com K-teoria e geometria algébrica.
4. Aplicações concretas em processamento de sinais geométricos e física matemática.
A teoria desenvolvida abre novas direções de pesquisa na interface entre matemática pura e aplicada. A estrutura geométrica rica dos grupos de Lie fornece um framework natural para a análise de sinais com simetrias intrínsecas, enquanto as conexões com áreas fundamentais da matemática sugerem desenvolvimentos teóricos profundos.
Trabalhos futuros devem focar na extensão destes resultados para contextos mais gerais, incluindo grupoides de Lie, categorias superiores e estruturas não-comutativas. A implementação computacional eficiente permanece um desafio importante, requerendo o desenvolvimento de novos algoritmos adaptados à geometria dos grupos de Lie.
A convergência de ideias da análise harmônica, geometria diferencial e teoria de representações demonstrada neste trabalho ilustra a unidade fundamental da matemática e seu poder para iluminar fenômenos complexos através de estruturas abstratas elegantes.
## Referências
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**Nota do Autor:** Este artigo representa uma síntese do estado atual da arte em wavelets e análise tempo-frequência em grupos de Lie, incorporando desenvolvimentos recentes e estabelecendo novas conexões com áreas fundamentais da matemática. As demonstrações completas dos teoremas principais, bem como detalhes técnicos adicionais, serão publicados em trabalho subsequente.
**Agradecimentos:** O autor agradece as discussões frutíferas com colegas do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (INPA), que contribuíram significativamente para o desenvolvimento das ideias apresentadas neste trabalho.
**Conflito de Interesses:** O autor declara não haver conflitos de interesse relacionados a este trabalho.
**Financiamento:** Esta pesquisa foi parcialmente financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).