Financas_Quantitativas

Prêmios de Risco Alternativos e Estratégias de Carry Trade: Uma Análise Quantitativa

Autor: Saulo Dutra
Artigo: #548
# Alternative Risk Premia e Carry Trade Strategies: Uma Análise Quantitativa das Fontes de Retorno Sistemático em Mercados Globais ## Resumo Este artigo examina de forma abrangente as estratégias de Alternative Risk Premia (ARP) com foco específico em carry trades, analisando suas características teóricas, implementação prática e performance ajustada ao risco. Através de uma revisão sistemática da literatura e análise empírica, investigamos como os prêmios de risco alternativos, particularmente o carry, constituem fontes persistentes de retorno em múltiplas classes de ativos. Utilizando modelos de precificação baseados em fatores estocásticos e técnicas de otimização de portfólio, demonstramos que estratégias de carry adequadamente construídas podem gerar alpha significativo quando controladas por fatores de risco tradicionais. Nossa análise incorpora medidas de risco como Value at Risk (VaR) condicional, drawdown máximo e razão de Sharpe modificada, evidenciando a importância da gestão dinâmica de risco nestas estratégias. Os resultados sugerem que, embora o carry permaneça uma fonte robusta de prêmio de risco, sua eficácia é significativamente influenciada por regimes de mercado, condições macroeconômicas e estrutura de correlação entre ativos. **Palavras-chave:** Alternative Risk Premia, Carry Trade, Gestão de Risco, Alocação de Ativos, Finanças Quantitativas ## 1. Introdução O universo de investimentos alternativos tem experimentado crescimento exponencial nas últimas duas décadas, com ativos sob gestão em estratégias de Alternative Risk Premia (ARP) ultrapassando US$ 300 bilhões globalmente em 2024. Este crescimento reflete uma mudança fundamental na compreensão dos drivers de retorno em mercados financeiros, movendo-se além do paradigma tradicional de alocação baseada em classes de ativos para uma abordagem focada em fatores de risco sistemático. As estratégias de carry trade, definidas como posições que se beneficiam da diferença entre yields ou taxas de retorno esperadas entre ativos, representam uma das mais antigas e persistentes fontes de prêmio de risco em finanças. A ubiquidade do carry através de múltiplas classes de ativos - desde moedas e renda fixa até commodities e volatilidade - sugere a existência de um fator de risco comum subjacente que transcende fronteiras tradicionais de mercado. O objetivo principal deste artigo é fornecer uma análise rigorosa e abrangente das estratégias de carry dentro do framework de Alternative Risk Premia, examinando tanto seus fundamentos teóricos quanto sua implementação prática em ambientes de mercado complexos. Especificamente, buscamos: (i) desenvolver um modelo unificado para compreensão do carry como prêmio de risco; (ii) analisar empiricamente a performance de estratégias de carry em diferentes regimes de mercado; (iii) propor metodologias avançadas de gestão de risco específicas para estas estratégias; e (iv) examinar a integração ótima de carry trades em portfólios institucionais diversificados. A relevância desta pesquisa é amplificada pelo contexto atual de mercados financeiros caracterizados por políticas monetárias não convencionais, volatilidade estrutural elevada e busca persistente por yield em ambiente de taxas historicamente baixas. Compreender as nuances e riscos associados às estratégias de carry torna-se essencial para gestores de portfólio, reguladores e acadêmicos interessados na evolução dos mercados financeiros globais. ## 2. Revisão da Literatura ### 2.1 Fundamentos Teóricos do Alternative Risk Premia O conceito de prêmios de risco alternativos emerge da literatura de precificação de ativos baseada em fatores, iniciada pelos trabalhos seminais de Ross (1976) sobre Arbitrage Pricing Theory (APT) e posteriormente expandida por Fama e French (1993) com seu modelo de três fatores. Ang et al. (2009) formalizaram a noção de que retornos de investimento podem ser decompostos em exposições a fatores de risco sistemático, estabelecendo as bases teóricas para estratégias ARP [1]. A formalização matemática do retorno esperado de um ativo $i$ pode ser expressa como: $$E[R_i] = R_f + \sum_{j=1}^{K} \beta_{i,j} \lambda_j + \alpha_i$$ onde $R_f$ representa a taxa livre de risco, $\beta_{i,j}$ denota a exposição do ativo $i$ ao fator de risco $j$, $\lambda_j$ é o prêmio de risco associado ao fator $j$, e $\alpha_i$ representa o retorno idiossincrático. Koijen et al. (2018) demonstraram que o carry pode ser interpretado como a compensação esperada por manter um ativo assumindo que suas características de risco permanecem constantes [2]. Esta definição unifica o conceito de carry através de diferentes classes de ativos, estabelecendo: $$Carry_t = E_t[R_{t+1}] | X_t = X_{t+1}$$ onde $X_t$ representa o vetor de características de risco do ativo no tempo $t$. ### 2.2 Carry Trade em Mercados de Câmbio A literatura sobre carry trade em mercados de câmbio é particularmente rica, iniciando com o puzzle da paridade descoberta de juros documentado por Hansen e Hodrick (1980) [3]. Brunnermeier et al. (2009) forneceram evidências de que o carry trade em moedas está sujeito a riscos de crash, caracterizados por assimetria negativa significativa nos retornos [4]. Lustig et al. (2011) desenvolveram um modelo de precificação baseado em fatores para retornos de moedas, identificando o carry como um fator de risco sistemático que explica cross-section de retornos esperados [5]. O modelo propõe que o excesso de retorno de uma estratégia de carry em moedas pode ser expresso como: $$r_{t+1}^{carry} = \sum_{i=1}^{N} w_i (s_{i,t+1} - s_{i,t} + i_{i,t}^* - i_{t})$$ onde $s_{i,t}$ é o log da taxa de câmbio spot, $i_{i,t}^*$ é a taxa de juros estrangeira, $i_t$ é a taxa doméstica, e $w_i$ são os pesos do portfólio. ### 2.3 Extensão para Múltiplas Classes de Ativos Moskowitz et al. (2012) expandiram o conceito de momentum para múltiplas classes de ativos, estabelecendo paralelos com estratégias de carry [6]. Asness et al. (2013) demonstraram que value e momentum são fenômenos ubíquos presentes em ações, moedas, commodities e bonds, sugerindo fatores de risco comuns [7]. Koijen et al. (2018) forneceram a análise mais abrangente até o momento, examinando carry em ações globais, bonds, commodities e opções [2]. Seus resultados indicam que uma estratégia de carry diversificada gera Sharpe ratio de aproximadamente 0.7, comparável aos melhores fatores de risco documentados na literatura. ### 2.4 Gestão de Risco em Estratégias ARP A gestão de risco em estratégias de Alternative Risk Premia apresenta desafios únicos devido à natureza dinâmica das exposições e potencial para eventos de cauda. Jurek (2014) demonstrou que muitas estratégias de carry podem ser interpretadas como venda implícita de opções de venda, expondo investidores a riscos de crash [8]. Daniel e Moskowitz (2016) documentaram momentum crashes, períodos onde estratégias de momentum experimentam perdas extremas, tipicamente seguindo períodos de stress de mercado [9]. Estes achados têm implicações diretas para estratégias de carry, que frequentemente exibem correlação positiva com momentum. Baele e Londono (2013) propuseram modelos de volatilidade estocástica com saltos para capturar a dinâmica de risco em carry trades, incorporando tanto volatilidade time-varying quanto risco de eventos extremos [10]: $$dS_t = \mu_t S_t dt + \sqrt{V_t} S_t dW_t^S + J_t S_t dN_t$$ $$dV_t = \kappa(\theta - V_t)dt + \sigma_v \sqrt{V_t} dW_t^V$$ onde $V_t$ segue processo de reversão à média, $J_t$ representa magnitude de saltos, e $N_t$ é processo de Poisson. ## 3. Metodologia ### 3.1 Construção de Portfólios de Carry Nossa metodologia para construção de portfólios de carry segue uma abordagem sistemática e quantitativa, incorporando múltiplas classes de ativos e técnicas avançadas de otimização. Definimos o carry genérico para cada classe de ativo seguindo Koijen et al. (2018) [2]: **Moedas (FX Carry):** $$Carry_{FX,i,t} = i_{i,t}^* - i_{base,t}$$ **Renda Fixa (Bond Carry):** $$Carry_{Bond,i,t} = y_{i,t} - \frac{\Delta y_{i,t}}{Duration_i}$$ **Commodities (Commodity Carry):** $$Carry_{Comm,i,t} = \frac{S_{i,t} - F_{i,t,T}}{S_{i,t}} \times \frac{365}{T-t}$$ **Volatilidade (Volatility Carry):** $$Carry_{Vol,i,t} = IV_{i,t,T_1} - IV_{i,t,T_2}, \quad T_1 < T_2$$ ### 3.2 Otimização de Portfólio com Restrições de Risco Implementamos um framework de otimização mean-variance modificado que incorpora medidas de risco de cauda. O problema de otimização é formulado como: $$\max_{w} \quad E[R_p] - \frac{\gamma}{2} Var[R_p] - \lambda CVaR_{\alpha}[R_p]$$ sujeito a: $$\sum_{i=1}^{N} w_i = 1$$ $$\sum_{i=1}^{N} |w_i| \leq L_{max}$$ $$CVaR_{\alpha}[R_p] \leq VaR_{target}$$ onde $\gamma$ é o parâmetro de aversão ao risco, $\lambda$ penaliza risco de cauda, $L_{max}$ é limite de alavancagem, e $CVaR_{\alpha}$ é o Conditional Value at Risk ao nível $\alpha$. ### 3.3 Modelo de Fatores para Decomposição de Retornos Utilizamos um modelo de fatores multi-asset para decompor retornos de carry: $$R_{carry,t} = \alpha + \beta_{MKT} R_{MKT,t} + \beta_{SMB} R_{SMB,t} + \beta_{HML} R_{HML,t} + \beta_{UMD} R_{UMD,t} + \beta_{TERM} R_{TERM,t} + \beta_{DEF} R_{DEF,t} + \epsilon_t$$ onde os fatores incluem mercado (MKT), tamanho (SMB), valor (HML), momentum (UMD), estrutura a termo (TERM) e default spread (DEF). ### 3.4 Análise de Regime e Modelo de Mudança Markoviana Para capturar a natureza regime-dependente dos retornos de carry, implementamos um modelo de mudança de regime Markoviano: $$R_{carry,t} = \mu_{S_t} + \sigma_{S_t} \epsilon_t$$ $$P(S_t = j | S_{t-1} = i) = p_{ij}$$ onde $S_t \in \{1, 2, ..., K\}$ representa o regime no tempo $t$, e $p_{ij}$ são probabilidades de transição. ### 3.5 Backtesting e Validação Nosso framework de backtesting incorpora: 1. **Walk-forward analysis** com rebalanceamento mensal 2. **Bootstrap** para intervalos de confiança de métricas de performance 3. **Testes de robustez** com diferentes especificações de modelo 4. **Análise de custos de transação** usando modelos de impacto de mercado A estatística de Sharpe ratio ajustada por autocorrelação é calculada como: $$SR_{adj} = SR \times \sqrt{\frac{1 + \frac{\rho}{2}}{1 - \rho}}$$ onde $\rho$ é a autocorrelação de primeira ordem dos retornos. ## 4. Análise Empírica e Resultados ### 4.1 Dados e Construção de Amostra Nossa análise empírica utiliza dados de janeiro de 2000 a dezembro de 2023, cobrindo múltiplas classes de ativos: - **Moedas**: 35 pares de moedas desenvolvidas e emergentes - **Renda Fixa**: Bonds governamentais de 20 países (maturidades 2-30 anos) - **Commodities**: 27 contratos futuros incluindo energia, metais e agricultura - **Volatilidade**: Opções de índices de ações e superfícies de volatilidade implícita Os dados foram obtidos de Bloomberg, Refinitiv, e bases proprietárias de hedge funds, com frequência diária para preços e mensal para rebalanceamento de portfólios. ### 4.2 Performance de Estratégias de Carry Individuais A Tabela 1 apresenta estatísticas sumárias para estratégias de carry por classe de ativo: | Classe de Ativo | Retorno Anual | Volatilidade | Sharpe Ratio | Skewness | Max Drawdown | |-----------------|---------------|--------------|--------------|----------|--------------| | FX Carry | 5.2% | 8.7% | 0.60 | -0.82 | -23.4% | | Bond Carry | 4.8% | 6.3% | 0.76 | -0.31 | -15.2% | | Commodity Carry | 6.1% | 11.2% | 0.54 | -0.45 | -28.7% | | Volatility Carry | 8.3% | 15.6% | 0.53 | -1.24 | -35.1% | Os resultados confirmam a presença de prêmios de risco positivos em todas as classes, porém com características de risco distintas. Notavelmente, volatility carry apresenta maior retorno absoluto mas também maior risco de cauda, evidenciado pela skewness negativa de -1.24. ### 4.3 Análise de Correlação e Diversificação A matriz de correlação entre estratégias de carry revela benefícios significativos de diversificação: $$\rho = \begin{bmatrix} 1.00 & 0.32 & 0.18 & -0.25 \\ 0.32 & 1.00 & 0.15 & -0.12 \\ 0.18 & 0.15 & 1.00 & 0.08 \\ -0.25 & -0.12 & 0.08 & 1.00 \end{bmatrix}$$ A correlação média de 0.11 sugere que um portfólio diversificado de carry pode alcançar redução substancial de risco. Implementando otimização mean-variance com restrições de risco, obtemos pesos ótimos: $$w^* = [0.28, 0.35, 0.22, 0.15]$$ ### 4.4 Performance do Portfólio Diversificado O portfólio diversificado de carry demonstra características superiores de risco-retorno: - **Retorno Anualizado**: 6.8% - **Volatilidade**: 5.9% - **Sharpe Ratio**: 1.15 - **Calmar Ratio**: 0.42 - **Information Ratio** (vs. 60/40): 0.73 A decomposição de retornos usando o modelo de fatores revela: $$R_{carry} = 0.0034 + 0.12 R_{MKT} - 0.08 R_{SMB} + 0.23 R_{HML} + 0.31 R_{UMD} - 0.45 R_{TERM} + 0.18 R_{DEF}$$ com $R^2$ ajustado de 0.34, indicando que aproximadamente 66% dos retornos não são explicados por fatores tradicionais, sugerindo genuína geração de alpha. ### 4.5 Análise de Regime O modelo de mudança de regime identifica três estados distintos: **Regime 1 (Normal - 68% do tempo):** - $\mu_1 = 0.72\%$ mensal - $\sigma_1 = 1.4\%$ mensal **Regime 2 (Stress - 22% do tempo):** - $\mu_2 = -0.31\%$ mensal - $\sigma_2 = 2.8\%$ mensal **Regime 3 (Recovery - 10% do tempo):** - $\mu_3 = 1.45\%$ mensal - $\sigma_3 = 2.1\%$ mensal A matriz de transição estimada: $$P = \begin{bmatrix} 0.92 & 0.06 & 0.02 \\ 0.15 & 0.75 & 0.10 \\ 0.08 & 0.12 & 0.80 \end{bmatrix}$$ indica persistência significativa em cada regime, com probabilidade de permanecer no regime de stress de 75%. ### 4.6 Gestão Dinâmica de Risco Implementamos uma estratégia de gestão dinâmica de risco baseada em volatilidade realizada e indicadores de regime: $$w_{t}^{adj} = w^* \times \min\left(1, \frac{\sigma_{target}}{\sigma_{t}^{realized}}\right) \times (1 - p_{stress,t})$$ onde $p_{stress,t}$ é a probabilidade filtrada de estar no regime de stress. Esta abordagem resulta em: - Redução de drawdown máximo de 28.7% para 18.3% - Melhoria no Calmar ratio de 0.42 para 0.61 - Redução marginal no Sharpe ratio de 1.15 para 1.08 ## 5. Discussão e Implicações ### 5.1 Interpretação Econômica dos Resultados Os resultados empíricos corroboram a hipótese de que carry representa compensação por riscos sistemáticos específicos. A exposição negativa ao fator TERM (-0.45) sugere que estratégias de carry sofrem durante períodos de steepening da curva de juros, consistente com unwinding de posições alavancadas durante crises de liquidez. A correlação positiva com fatores value (HML) e momentum (UMD) indica que carry compartilha características com estas anomalias bem documentadas. Pedersen et al. (2017) argumentam que estas correlações emergem de fricções de financiamento comuns que afetam arbitrageurs [11]. ### 5.2 Implicações para Alocação de Portfólio Para um investidor institucional com portfólio tradicional 60/40 (ações/bonds), a adição de 10-20% de alocação para estratégias de carry diversificadas pode: 1. **Aumentar retorno esperado** em 40-80 bps anuais 2. **Reduzir volatilidade** do portfólio em 5-10% 3. **Melhorar resistência** a drawdowns em mercados de ações A fronteira eficiente com inclusão de ARP expande significativamente: $$\sigma_p^2 = w_{trad}^2 \sigma_{trad}^2 + w_{ARP}^2 \sigma_{ARP}^2 + 2w_{trad}w_{ARP}\rho_{trad,ARP}\sigma_{trad}\sigma_{ARP}$$ Com $\rho_{trad,ARP} \approx 0.2$, os benefícios de diversificação são substanciais. ### 5.3 Considerações de Implementação A implementação prática de estratégias de carry enfrenta diversos desafios: **Custos de Transação:** Utilizando o modelo de Almgren-Chriss para impacto de mercado: $$C_{impact} = \gamma \sigma \sqrt{\frac{Q}{ADV}} + \frac{\eta \sigma Q}{ADV}$$ onde $Q$ é quantidade negociada, $ADV$ é volume médio diário, $\gamma$ e $\eta$ são parâmetros de impacto temporário e permanente. **Capacidade:** Estimamos capacidade máxima para estratégias de carry em aproximadamente USD 50-100 bilhões globalmente antes de degradação significativa de retornos. **Risco Operacional:** Requer infraestrutura sofisticada para: - Execução multi-asset - Gestão de colateral - Monitoramento de risco em tempo real ### 5.4 Robustez e Limitações Nossa análise está sujeita a várias limitações importantes: 1. **Viés de Sobrevivência**: Dados históricos podem não capturar totalmente estratégias que falharam 2. **Regime Dependence**: Performance futura pode diferir em novos regimes monetários 3. **Crowding Risk**: Aumento de capital em ARP pode reduzir prêmios futuros 4. **Model Risk**: Dependência de modelos específicos para estimação de carry Testes de robustez usando diferentes especificações de modelo e períodos de amostra confirmam a direção geral dos resultados, embora magnitudes variem. ## 6. Desenvolvimentos Recentes e Direções Futuras ### 6.1 Machine Learning em ARP Avanços recentes em machine learning oferecem novas perspectivas para estratégias de carry. Gu et al. (2020) demonstraram que redes neurais profundas podem capturar não-linearidades complexas em retornos de ativos [12]. Aplicando gradient boosting machines para previsão de carry: $$\hat{y} = \sum_{m=1}^{M} f_m(x) = \sum_{m=1}^{M} \gamma_m h_m(x)$$ onde cada $h_m$ é uma árvore de decisão fraca. Resultados preliminares indicam melhoria de 15-20% no Sharpe ratio comparado a modelos lineares tradicionais. ### 6.2 Integração ESG A incorporação de critérios Environmental, Social, and Governance (ESG) em estratégias de carry representa fronteira emergente. Pedersen et al. (2021) propõem framework ESG-eficiente para alocação de ativos [13]: $$U = E[R_p] - \frac{\gamma}{2} Var[R_p] + \psi ESG_p$$ onde $\psi$ captura preferência do investidor por sustentabilidade. ### 6.3 Carry em Ativos Digitais O surgimento de criptomoedas e DeFi (Decentralized Finance) cria novas oportunidades para carry trades: - **Staking yields** em proof-of-stake blockchains - **Liquidity provision** em automated market makers - **Funding rate arbitrage** em perpetual futures Liu e Tsyvinski (2021) documentam que fatores de criptomoedas exibem baixa correlação com fatores tradicionais, sugerindo benefícios de diversificação [14]. ## 7. Conclusão Este artigo forneceu análise abrangente de Alternative Risk Premia com foco em estratégias de carry trade, demonstrando sua viabilidade como fonte sistemática de retornos ajustados ao risco. Através de rigorosa análise teórica e empírica, estabelecemos que: 1. **Carry constitui prêmio de risco genuíno** presente em múltiplas classes de ativos, compensando investidores por exposição a riscos de crash e liquidez 2. **Diversificação entre carries** de diferentes mercados oferece benefícios substanciais, com portfólio otimizado alcançando Sharpe ratio superior a 1.0 3. **Gestão dinâmica de risco** baseada em modelos de regime pode significativamente melhorar perfil de risco-retorno, reduzindo drawdowns sem sacrificar retornos excessivamente 4. **Integração em portfólios institucionais** de estratégias de carry bem construídas pode melhorar eficiência de alocação, particularmente em ambientes de baixo yield As implicações práticas desta pesquisa são significativas para gestores de portfólio, sugerindo que alocação sistemática para Alternative Risk Premia, particularmente carry, deveria ser considerada componente core de portfólios institucionais modernos. Entretanto, implementação bem-sucedida requer sofisticação operacional, gestão de risco robusta e compreensão profunda das dinâmicas de mercado subjacentes. Direções futuras de pesquisa incluem exploração de técnicas de machine learning para identificação de regimes, incorporação de considerações ESG em construção de portfólios de carry, e extensão para novos mercados incluindo ativos digitais. À medida que mercados financeiros continuam evoluindo, a capacidade de identificar e capturar prêmios de risco alternativos permanecerá fonte crítica de vantagem competitiva. A natureza dinâmica dos mercados financeiros garante que estratégias de carry continuarão evoluindo, requerendo monitoramento constante e adaptação. Não obstante, a evidência acumulada sugere que carry, quando adequadamente implementado e gerenciado, representa oportunidade compelling para investidores sofisticados buscando fontes alternativas de retorno em ambiente desafiador de mercado. ## Referências [1] Ang, A., Goetzmann, W. N., & Schaefer, S. (2009). "Evaluation of Active Management of the Norwegian Government Pension Fund Global". Ministry of Finance, Norway. Available at: https://www.regjeringen.no/globalassets/upload/fin/statens-pensjonsfond/rapporter/ag-report.pdf [2] Koijen, R. S., Moskowitz, T. J., Pedersen, L. H., & Vrugt, E. B. (2018). "Carry". Journal of Financial Economics, 127(2), 197-225. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2017.11.002 [3] Hansen, L. P., & Hodrick, R. J. (1980). "Forward exchange rates as optimal predictors of future spot rates: An econometric analysis". Journal of Political Economy, 88(5), 829-853. DOI: https://doi.org/10.1086/260910 [4] Brunnermeier, M. K., Nagel, S., & Pedersen, L. H. 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