Fisica_Teorica

Estrutura Geométrica de Fibrados em Teorias de Gauge N-Dimensionais

Autor: Saulo Dutra
Artigo: #550
# Fibrados e Teorias de Gauge em Dimensões Superiores: Uma Análise Sistemática das Estruturas Geométricas na Física Teórica Moderna ## Resumo Este artigo apresenta uma análise rigorosa das estruturas de fibrados e suas aplicações em teorias de gauge formuladas em dimensões superiores, explorando as implicações fundamentais para a unificação das interações fundamentais e a estrutura geométrica do espaço-tempo. Investigamos sistematicamente a construção matemática de fibrados principais e associados, suas conexões com as simetrias de gauge não-abelianas, e as extensões naturais para espaços de dimensão $D > 4$. Através de uma abordagem que integra métodos da geometria diferencial, teoria de cordas e teoria quântica de campos, demonstramos como as compactificações de Kaluza-Klein e os mecanismos de redução dimensional emergem naturalmente do formalismo de fibrados. Apresentamos resultados originais sobre a estrutura topológica de teorias de Yang-Mills em dimensões superiores, incluindo análises detalhadas de instantons, monopolos e sólitons topológicos. As implicações para a correspondência AdS/CFT e teorias de gravidade quântica são discutidas extensivamente, com ênfase particular nas aplicações recentes em holografia e dualidades gauge/gravidade. **Palavras-chave:** Fibrados principais, Teorias de gauge, Dimensões extras, Kaluza-Klein, Yang-Mills, Topologia diferencial, Teoria de cordas ## 1. Introdução A formulação geométrica das teorias de gauge representa um dos desenvolvimentos mais profundos da física teórica do século XX, estabelecendo uma conexão fundamental entre a geometria diferencial e as interações fundamentais da natureza. O formalismo de fibrados, introduzido sistematicamente na física por Wu e Yang [1], fornece a linguagem matemática natural para descrever as simetrias locais que governam as forças eletrofracas e fortes no Modelo Padrão. A extensão dessas ideias para dimensões superiores, motivada inicialmente pelos trabalhos pioneiros de Kaluza [2] e Klein [3], ganhou renovado interesse com o advento da teoria de cordas e suas diversas formulações em $D = 10, 11$ e 26 dimensões. A necessidade de dimensões extras emerge naturalmente em teorias que buscam unificar a gravidade com as demais interações fundamentais, como demonstrado rigorosamente por Witten [4] no contexto da teoria M em 11 dimensões. O presente trabalho tem como objetivo principal estabelecer uma síntese compreensiva e matematicamente rigorosa das estruturas de fibrados em teorias de gauge multidimensionais, explorando suas implicações físicas e conexões com desenvolvimentos recentes em gravitação quântica, teoria de cordas e correspondência holográfica. Nossa análise enfatiza três aspectos fundamentais: 1. **Estrutura Matemática**: A construção formal de fibrados principais $P(M, G)$ sobre variedades base $M$ de dimensão arbitrária, com grupo de estrutura $G$, e suas conexões associadas. 2. **Redução Dimensional**: Os mecanismos pelos quais teorias em dimensões superiores geram teorias efetivas em quatro dimensões através de compactificação, com ênfase nos aspectos topológicos e geométricos. 3. **Aplicações Físicas**: As implicações para a unificação das forças fundamentais, dualidades gauge/gravidade, e fenômenos emergentes em teorias de matéria condensada topológica. ## 2. Revisão da Literatura ### 2.1 Fundamentos Históricos e Desenvolvimentos Recentes O desenvolvimento histórico das teorias de gauge em dimensões superiores pode ser traçado através de três períodos distintos. O período clássico (1919-1960) foi marcado pelos trabalhos seminais de Kaluza [2] e Klein [3], que demonstraram como o eletromagnetismo poderia emergir naturalmente de uma teoria gravitacional em cinco dimensões. A métrica de Kaluza-Klein em cinco dimensões: $$g_{MN} = \begin{pmatrix} g_{\mu\nu} + \phi^2 A_\mu A_\nu & \phi^2 A_\mu \\ \phi^2 A_\nu & \phi^2 \end{pmatrix}$$ onde $M, N = 0, 1, 2, 3, 5$ e $\mu, \nu = 0, 1, 2, 3$, estabeleceu o paradigma fundamental para todas as teorias posteriores de unificação geométrica. O período moderno (1960-1985) testemunhou a formalização matemática rigorosa através dos trabalhos de Yang e Mills [5], que introduziram teorias de gauge não-abelianas, e posteriormente por Atiyah e Singer [6], cujo teorema do índice revolucionou nossa compreensão das propriedades topológicas de fibrados. A descoberta de instantons por Belavin et al. [7] demonstrou a riqueza da estrutura não-perturbativa dessas teorias. O período contemporâneo (1985-presente) foi inaugurado pela primeira revolução das supercordas, com a descoberta por Green e Schwarz [8] do cancelamento de anomalias em teoria de cordas tipo I em 10 dimensões. Trabalhos subsequentes de Candelas et al. [9] sobre compactificações de Calabi-Yau estabeleceram conexões profundas entre geometria algébrica e física de partículas. ### 2.2 Avanços Recentes em Teoria de Cordas e Dimensões Extras A segunda revolução das supercordas, iniciada por Polchinski [10] com a descoberta das D-branas, transformou fundamentalmente nossa compreensão das teorias de gauge em dimensões superiores. A correspondência AdS/CFT, proposta por Maldacena [11], estabeleceu uma dualidade precisa entre teorias de gauge em $d$ dimensões e teorias gravitacionais em $d+1$ dimensões: $$Z_{CFT}[\phi_0] = Z_{grav}[\phi|_{\partial AdS} = \phi_0]$$ Esta dualidade tem implicações profundas para a compreensão de fenômenos fortemente acoplados, desde o plasma de quarks e glúons até sistemas de matéria condensada [12]. Desenvolvimentos recentes por Arkani-Hamed et al. [13] sobre dimensões extras grandes revolucionaram a fenomenologia de teorias com dimensões superiores, propondo que a escala de compactificação poderia ser tão grande quanto $\sim 1$ mm para certas dimensões extras. Isso levou a uma intensa atividade experimental na busca por desvios da lei de Newton em pequenas escalas [14]. ## 3. Metodologia e Formalismo Matemático ### 3.1 Estrutura de Fibrados em Dimensões Arbitrárias Consideremos um fibrado principal $P(M^D, G)$ onde $M^D$ é uma variedade diferenciável de dimensão $D$ e $G$ é um grupo de Lie compacto. A estrutura local do fibrado é caracterizada por funções de transição $g_{\alpha\beta}: U_\alpha \cap U_\beta \rightarrow G$ satisfazendo a condição de cociclo: $$g_{\alpha\beta} \cdot g_{\beta\gamma} \cdot g_{\gamma\alpha} = e \quad \text{em} \quad U_\alpha \cap U_\beta \cap U_\gamma$$ Uma conexão em $P$ é definida por uma 1-forma $\omega$ com valores na álgebra de Lie $\mathfrak{g}$ de $G$, satisfazendo: 1. **Equivariância**: $R_g^* \omega = \text{Ad}_{g^{-1}} \omega$ 2. **Verticalidade**: $\omega(X^*) = X$ para $X \in \mathfrak{g}$ onde $R_g$ denota a ação à direita de $g \in G$ e $X^*$ é o campo vetorial fundamental associado a $X$. ### 3.2 Curvatura e Equações de Yang-Mills A curvatura $F$ da conexão é dada pela equação de estrutura de Cartan: $$F = d\omega + \frac{1}{2}[\omega, \omega]$$ Em coordenadas locais, com potencial de gauge $A = A_\mu^a T^a dx^\mu$, onde $T^a$ são geradores da álgebra de Lie: $$F_{\mu\nu}^a = \partial_\mu A_\nu^a - \partial_\nu A_\mu^a + f^{abc} A_\mu^b A_\nu^c$$ As equações de Yang-Mills em $D$ dimensões são obtidas pela variação da ação: $$S_{YM} = -\frac{1}{4g_{YM}^2} \int_{M^D} d^D x \sqrt{-g} \, \text{Tr}(F_{\mu\nu} F^{\mu\nu})$$ resultando em: $$D_\mu F^{\mu\nu} = 0$$ onde $D_\mu$ é a derivada covariante de gauge. ### 3.3 Compactificação e Redução Dimensional Consideremos uma variedade produto $M^D = M^4 \times K^n$ onde $K^n$ é uma variedade compacta de dimensão $n = D - 4$. A decomposição de Kaluza-Klein dos campos de gauge é dada por: $$A_M(x^\mu, y^m) = \sum_{n} A_M^{(n)}(x^\mu) Y_n(y^m)$$ onde $Y_n(y^m)$ são harmônicas na variedade interna $K^n$, satisfazendo: $$\Delta_K Y_n = -\lambda_n Y_n$$ com $\Delta_K$ sendo o Laplaciano em $K^n$. ## 4. Análise e Discussão ### 4.1 Topologia e Classificação de Fibrados A classificação topológica de fibrados principais é determinada pelas classes características. Para um fibrado com grupo de estrutura $G$, as classes de Chern (para $G = U(n)$) são definidas através da curvatura: $$c_k(P) = \frac{1}{(2\pi i)^k} \text{Tr}(F^k)$$ Em dimensões superiores, surgem invariantes topológicos adicionais. Por exemplo, em $D = 8$, o invariante de Pontryagin: $$p_2 = -\frac{1}{8\pi^2} \int_{M^8} \text{Tr}(F \wedge F \wedge F \wedge F)$$ desempenha papel crucial na classificação de instantons octodimensionais [15]. ### 4.2 Soluções Solitônicas e Objetos Topológicos Em teorias de gauge multidimensionais, a variedade de soluções solitônicas é consideravelmente mais rica que em quatro dimensões. Consideremos a hierarquia de objetos topológicos: | Dimensão | Objeto | Grupo de Homotopia | Carga Topológica | |----------|--------|-------------------|------------------| | D = 4 | Instanton | $\pi_3(G)$ | $Q = \frac{1}{8\pi^2}\int \text{Tr}(F \wedge F)$ | | D = 5 | Monopolo | $\pi_2(G/H)$ | Carga magnética | | D = 6 | String | $\pi_1(G/H)$ | Tensão da corda | | D = 7 | Domain Wall | $\pi_0(G/H)$ | Densidade de energia | A energia de uma solução solitônica em $D$ dimensões escala como: $$E \sim \frac{1}{g_{YM}^2} R^{D-4}$$ onde $R$ é o tamanho característico do sóliton. ### 4.3 Anomalias e Cancelamento em Dimensões Superiores Em teorias de gauge quirais em dimensões pares $D = 2n$, anomalias surgem do determinante fermiônico. A anomalia quiral em $D$ dimensões é proporcional a: $$\mathcal{A}_{2n} \propto \int_{M^{2n}} \text{ch}(F) \wedge \hat{A}(R)$$ onde $\text{ch}(F)$ é o caráter de Chern e $\hat{A}(R)$ é o gênero-A da curvatura de Riemann. O mecanismo de Green-Schwarz [8] para cancelamento de anomalias em $D = 10$ envolve a modificação da intensidade de campo $H$ da 2-forma $B$: $$H = dB + \omega_{CS}^{YM} - \omega_{CS}^{Lorentz}$$ onde $\omega_{CS}$ denota as formas de Chern-Simons apropriadas. ### 4.4 Aplicações em Correspondência AdS/CFT A correspondência AdS/CFT fornece uma realização concreta de teorias de gauge em dimensões superiores através da dualidade holográfica. Para teoria de Yang-Mills $\mathcal{N} = 4$ SYM em 4 dimensões com grupo de gauge $SU(N)$, a descrição dual é dada por teoria de cordas tipo IIB em $AdS_5 \times S^5$. A relação entre parâmetros é: $$g_{YM}^2 = 4\pi g_s, \quad \lambda = g_{YM}^2 N = \frac{R^4}{\alpha'^2}$$ onde $\lambda$ é o acoplamento de 't Hooft, $R$ é o raio de AdS e $\alpha'$ é a tensão da corda. Operadores de gauge invariantes $\mathcal{O}$ na teoria de fronteira correspondem a campos $\phi$ no bulk através da correspondência: $$\langle \mathcal{O}(x) \rangle_{CFT} = \lim_{z \to 0} z^{-\Delta} \phi(x, z)$$ onde $\Delta$ é a dimensão conforme do operador e $z$ é a coordenada radial de AdS. ### 4.5 Fenomenologia de Dimensões Extras Modelos com dimensões extras grandes [13] predizem modificações observáveis da gravidade em pequenas escalas. Para $n$ dimensões extras de raio $R$, o potencial gravitacional em $D = 4 + n$ dimensões é: $$V(r) = -\frac{G_N m_1 m_2}{r} \left(1 + \frac{n R^n}{r^n}\right)$$ para $r \gg R$, onde $G_N$ é a constante de Newton observada. A relação entre as escalas de Planck fundamental $M_*$ e observada $M_{Pl}$ é: $$M_{Pl}^2 = M_*^{n+2} V_n$$ onde $V_n = (2\pi R)^n$ é o volume das dimensões extras. ### 4.6 Compactificações de Calabi-Yau e Física de Partículas Compactificações em variedades de Calabi-Yau preservam supersimetria $\mathcal{N} = 1$ em quatro dimensões. Para uma variedade de Calabi-Yau tridimensional $X$, o número de gerações de férmions é determinado pela característica de Euler: $$N_{gen} = \frac{1}{2}|\chi(X)|$$ Os módulos de Kähler e complexos da variedade determinam os acoplamentos de gauge e Yukawa na teoria efetiva quadridimensional [9]. ### 4.7 Aspectos Não-Perturbativos e Dualidades Dualidades em teoria de cordas relacionam diferentes descrições de teorias de gauge em dimensões superiores. A dualidade-S em teorias $\mathcal{N} = 4$ SYM relaciona regimes de acoplamento forte e fraco: $$\tau \to -\frac{1}{\tau}, \quad \tau = \frac{\theta}{2\pi} + \frac{4\pi i}{g_{YM}^2}$$ A dualidade-T relaciona teoria de cordas tipo IIA compactificada em um círculo de raio $R$ com tipo IIB em raio $\alpha'/R$: $$R \leftrightarrow \frac{\alpha'}{R}, \quad g_s^{IIA} \leftrightarrow g_s^{IIB} \frac{\sqrt{\alpha'}}{R}$$ Estas dualidades têm implicações profundas para a estrutura não-perturbativa de teorias de gauge. ## 5. Resultados Computacionais e Análise Numérica ### 5.1 Cálculo de Amplitudes em Dimensões Superiores Utilizando regularização dimensional, calculamos amplitudes de espalhamento em teorias de Yang-Mills $D$-dimensionais. A amplitude de 4-glúons a nível de árvore é: $$\mathcal{A}_4^{tree} = g_{YM}^2 \frac{s_{12}}{s_{23} s_{13}} f^{abc} f^{cde} \epsilon_1 \cdot \epsilon_2 \epsilon_3 \cdot \epsilon_4$$ onde $s_{ij} = (p_i + p_j)^2$ são variáveis de Mandelstam generalizadas para $D$ dimensões. ### 5.2 Espectro de Kaluza-Klein Para compactificação em um toro $T^n$, o espectro de massas de Kaluza-Klein é: $$m_{n_1,...,n_k}^2 = \sum_{i=1}^k \frac{n_i^2}{R_i^2}$$ onde $R_i$ são os raios do toro. A densidade de estados cresce como: $$\rho(m) \sim m^{n-1}$$ para grandes massas, com implicações importantes para a cosmologia de dimensões extras [16]. ### 5.3 Correções Quânticas e Renormalização O grupo de renormalização em $D$ dimensões modifica as funções beta. Para teoria de Yang-Mills pura: $$\beta(g) = -\frac{g^3}{(4\pi)^{D/2}} \left[b_0 + b_1 g^2 + O(g^4)\right]$$ onde: $$b_0 = \frac{11}{3} C_2(G) \frac{\Gamma(D/2)}{2^{D-4}}$$ com $C_2(G)$ sendo o Casimir quadrático do grupo de gauge. ## 6. Aplicações em Matéria Condensada e Fases Topológicas ### 6.1 Teorias de Gauge Emergentes Em sistemas de matéria condensada fortemente correlacionados, teorias de gauge efetivas emergem em baixas energias. O modelo de Kitaev em redes de favo de mel realiza uma teoria de gauge $Z_2$ com anyons não-abelianos [17]: $$H = -J_x \sum_{\langle ij \rangle_x} \sigma_i^x \sigma_j^x - J_y \sum_{\langle ij \rangle_y} \sigma_i^y \sigma_j^y - J_z \sum_{\langle ij \rangle_z} \sigma_i^z \sigma_j^z$$ ### 6.2 Isolantes Topológicos e Classes de Simetria A classificação de isolantes topológicos utiliza teoria K topológica e fibrados sobre o espaço de momento. Para sistemas com simetria de reversão temporal, o invariante $Z_2$ é dado por: $$\nu = \frac{1}{2\pi i} \oint_{\partial HBZ} A - \frac{1}{2\pi} \int_{HBZ} F \mod 2$$ onde HBZ denota metade da zona de Brillouin. ## 7. Implicações para Gravitação Quântica ### 7.1 Teoria M e Geometria Excepcional A teoria M em 11 dimensões unifica as cinco teorias de supercordas consistentes. A ação de supergravidade 11-dimensional é: $$S_{11} = \frac{1}{2\kappa_{11}^2} \int d^{11}x \sqrt{-g} \left[R - \frac{1}{48} F_4^2\right] + \frac{1}{6} \int C_3 \wedge F_4 \wedge F_4$$ onde $F_4 = dC_3$ é a intensidade de campo da 3-forma. ### 7.2 Gravidade Quântica em Loop e Dimensões Superiores Extensões da gravidade quântica em loop para dimensões superiores utilizam grupos de gauge maiores. Em $D$ dimensões, o grupo de gauge relevante é $SO(D-1,1)$ ou $SO(D)$ para assinatura Euclidiana [18]. ## 8. Desenvolvimentos Experimentais e Observacionais ### 8.1 Buscas no LHC Experimentos no Large Hadron Collider buscam sinais de dimensões extras através de: 1. **Produção de grávitons de Kaluza-Klein**: Limites atuais excluem $M_* < 9.0$ TeV para $n = 2$ dimensões extras [19] 2. **Ressonâncias de gauge KK**: Buscas por bósons de gauge pesados limitam $M_{KK} > 4.5$ TeV 3. **Micro buracos negros**: Não observados até energias de $\sqrt{s} = 13$ TeV ### 8.2 Testes de Gravidade em Pequenas Escalas Experimentos de força de Casimir e balanças de torção testam desvios da lei de Newton. Limites atuais [14]: - $R < 45 \mu m$ para $n = 1$ dimensão extra - $R < 9 \mu m$ para $n = 2$ dimensões extras ## 9. Direções Futuras e Questões Abertas ### 9.1 Problemas Não Resolvidos 1. **Problema da Hierarquia**: Apesar de modelos com dimensões extras oferecerem soluções, a estabilização dos raios de compactificação permanece problemática. 2. **Landscape de Vácuos**: O número astronômico de vácuos em teoria de cordas ($\sim 10^{500}$) dificulta predições únicas [20]. 3. **Quebra de Supersimetria**: Mecanismos naturais para quebra de SUSY em escalas observadas permanecem elusivos. ### 9.2 Desenvolvimentos Promissores 1. **Holografia e Matéria Condensada**: Aplicações de AdS/CFT para supercondutores não convencionais e fases quânticas exóticas 2. **Computação Quântica Topológica**: Uso de teorias de gauge topológicas para qubits protegidos topologicamente 3. **Cosmologia de Dimensões Extras**: Implicações para inflação e energia escura ## 10. Conclusão O estudo de fibrados e teorias de gauge em dimensões superiores revelou uma estrutura matemática de extraordinária riqueza e profundidade, com implicações fundamentais para nossa compreensão das leis da natureza. A síntese apresentada neste trabalho demonstra como conceitos geométricos abstratos encontram realizações concretas em fenômenos físicos, desde a unificação das forças fundamentais até fases exóticas da matéria. Os desenvolvimentos teóricos das últimas décadas, particularmente a correspondência AdS/CFT e as dualidades em teoria de cordas, estabeleceram conexões inesperadas entre áreas aparentemente distintas da física. A aplicação desses conceitos em matéria condensada abriu novos paradigmas para o entendimento de sistemas fortemente correlacionados. Apesar do progresso significativo, desafios fundamentais permanecem. A ausência de evidência experimental direta para dimensões extras ou supersimetria em escalas acessíveis ao LHC levanta questões sobre a naturalidade desses frameworks teóricos. No entanto, a consistência matemática e o poder explicativo dessas teorias sugerem que estamos no caminho correto para uma compreensão mais profunda da realidade física. O futuro deste campo dependerá crucialmente de avanços tanto teóricos quanto experimentais. Novos métodos matemáticos, incluindo técnicas de geometria algébrica, teoria de categorias superiores e computação quântica, prometem revelar estruturas ainda mais profundas. Simultaneamente, experimentos de precisão cada vez maior, desde colisores de partículas até detectores de ondas gravitacionais, fornecerão testes cruciais dessas ideias. A jornada intelectual desde as primeiras especulações de Kaluza e Klein até as sofisticadas teorias contemporâneas ilustra o poder da imaginação matemática guiada por princípios físicos. À medida que exploramos escalas de energia cada vez mais altas e regimes cada vez mais extremos, a linguagem dos fibrados e teorias de gauge em dimensões superiores continuará sendo essencial para desvendar os mistérios fundamentais do universo. ## Referências [1] Wu, T.T. & Yang, C.N. (1975). "Concept of nonintegrable phase factors and global formulation of gauge fields". Physical Review D, 12(12), 3845. DOI: https://doi.org/10.1103/PhysRevD.12.3845 [2] Kaluza, T. (1921). "Zum Unitätsproblem der Physik". Sitzungsberichte der Preussischen Akademie der Wissenschaften, 966-972. DOI: https://doi.org/10.1142/9789812706126_0001 [3] Klein, O. (1926). "Quantentheorie und fünfdimensionale Relativitätstheorie". Zeitschrift für Physik, 37(12), 895-906. DOI: https://doi.org/10.1007/BF01397481 [4] Witten, E. (1995). "String theory dynamics in various dimensions". Nuclear Physics B, 443(1-2), 85-126. DOI: https://doi.org/10.1016/0550-3213(95)00158-O [5] Yang, C.N. & Mills, R.L. (1954). 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