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Estruturas Cromáticas em Espectros Estáveis e Aplicações à Teoria de Homotopia

Autor: Saulo Dutra
Artigo: #72
# Teoria de Homotopia Cromática e Espectros: Uma Análise Sistemática das Estruturas Algébricas e Topológicas Contemporâneas ## Resumo Este artigo apresenta uma análise rigorosa e abrangente da teoria de homotopia cromática e sua relação intrínseca com a teoria de espectros, explorando as conexões profundas entre estruturas algébricas e topológicas que emergem neste contexto. Investigamos sistematicamente a torre cromática, os grupos de Morava K-teoria e E-teoria, bem como suas aplicações na compreensão da categoria estável de homotopia. Através de uma abordagem que integra métodos da geometria algébrica, topologia algébrica e teoria de categorias derivadas, demonstramos como a perspectiva cromática fornece uma estratificação natural do espaço de espectros finitos p-locais. Nossos resultados incluem uma análise detalhada da convergência cromática, a estrutura dos espectros de Johnson-Wilson e suas relações com as teorias de cohomologia extraordinárias. Apresentamos ainda novas perspectivas sobre a conjectura de convergência telescópica e suas implicações para a compreensão global da categoria estável. **Palavras-chave:** homotopia cromática, espectros, K-teoria de Morava, categorias derivadas, cohomologia extraordinária, localização de Bousfield ## 1. Introdução A teoria de homotopia cromática representa um dos desenvolvimentos mais profundos e revolucionários na topologia algébrica das últimas quatro décadas. Iniciada pelos trabalhos seminais de Ravenel [1] e Hopkins-Smith [2], esta teoria estabelece uma ponte fundamental entre a teoria de homotopia estável e a geometria algébrica formal, revelando estruturas surpreendentemente ricas na categoria estável de homotopia. O paradigma cromático organiza o estudo dos espectros finitos p-locais através de uma filtração natural indexada pela altura cromática, onde cada nível corresponde a fenômenos homotópicos de complexidade crescente. Esta estratificação é governada pela geometria do espaço de moduli dos grupos formais, estabelecendo uma conexão profunda com a teoria de deformações e a geometria algébrica aritmética. Formalmente, consideremos a categoria estável de homotopia $\mathcal{SH}$ e sua localização em um primo $p$, denotada por $\mathcal{SH}_{(p)}$. A torre cromática para um espectro finito $X$ é dada pela sequência: $$X \to \cdots \to L_n X \to L_{n-1} X \to \cdots \to L_1 X \to L_0 X$$ onde $L_n$ denota a localização de Bousfield com respeito à n-ésima teoria de Johnson-Wilson $E(n)$. Esta torre codifica informações progressivamente mais refinadas sobre a estrutura homotópica de $X$. A relevância contemporânea desta teoria transcende os limites da topologia algébrica pura. Aplicações recentes incluem conexões com a teoria de representações modulares [3], geometria algébrica derivada [4], e até mesmo aspectos da física matemática relacionados a teorias de campo topológicas [5]. Particularmente notável é o trabalho de Lurie [6] estabelecendo conexões profundas com a teoria de categorias superiores e a geometria algébrica derivada. ## 2. Revisão da Literatura ### 2.1 Fundamentos Históricos e Desenvolvimento Conceitual O desenvolvimento da teoria de homotopia cromática pode ser traçado através de três fases principais. A primeira fase, iniciada com os trabalhos de Quillen [7] sobre a teoria de cobordismo complexo e grupos formais, estabeleceu as fundações algébricas essenciais. Quillen demonstrou que o anel de coeficientes $MU_* = \pi_*(MU)$ do espectro de cobordismo complexo é isomorfo ao anel de Lazard $L$, o anel universal para grupos formais de dimensão um: $$MU_* \cong L \cong \mathbb{Z}[x_1, x_2, \ldots]$$ onde $|x_i| = 2i$. A segunda fase foi marcada pelos trabalhos de Morava [8] e Ravenel [1], que introduziram as K-teorias de Morava $K(n)$ e as cohomologias de Johnson-Wilson $E(n)$. Estas teorias formam os blocos fundamentais da construção cromática. Para cada primo $p$ e cada inteiro $n \geq 0$, a K-teoria de Morava $K(n)$ é caracterizada por seus coeficientes: $$K(n)_* = \mathbb{F}_p[v_n^{\pm 1}]$$ onde $|v_n| = 2(p^n - 1)$. A terceira fase, iniciada com o teorema de nilpotência de Devinatz-Hopkins-Smith [2], estabeleceu o framework categórico rigoroso para a teoria. Este teorema afirma que a categoria thick gerada por um espectro finito $F$ é determinada pelo suporte de Morava de $F$: $$\text{Supp}(F) = \{(p,n) : K(n)_*(F) \neq 0\}$$ ### 2.2 Avanços Recentes e Perspectivas Contemporâneas Trabalhos recentes de Barthel-Beaudry [9] expandiram significativamente nossa compreensão da estrutura global da categoria estável através da perspectiva cromática. Eles demonstraram que a categoria de espectros $p$-locais admite uma estratificação natural: $$\mathcal{SH}_{(p)} = \bigcup_{n=0}^{\infty} \mathcal{C}_n$$ onde cada $\mathcal{C}_n$ consiste dos espectros de tipo finito e altura cromática $\leq n$. O trabalho fundamental de Pstrągowski [10] sobre modularidade sintética estabeleceu conexões profundas entre a teoria de homotopia cromática e a geometria algébrica derivada. Ele demonstrou que a categoria de espectros sintéticos $\text{Syn}_E$ associada a uma teoria de cohomologia $E$ admite uma descrição como categoria de quase-coerentes sobre um stack derivado apropriado. ## 3. Metodologia e Framework Teórico ### 3.1 Estruturas Categóricas Fundamentais Nossa abordagem metodológica baseia-se na teoria de categorias trianguladas e localizações de Bousfield. Seja $\mathcal{T}$ uma categoria triangulada com limites e colimites pequenos. Para uma classe $\mathcal{S}$ de objetos em $\mathcal{T}$, definimos a subcategoria localizada de Bousfield $L_{\mathcal{S}}\mathcal{T}$ como a subcategoria plena consistindo de objetos $\mathcal{S}$-locais. **Definição 3.1.** Um objeto $X \in \mathcal{T}$ é $\mathcal{S}$-local se para todo $S \in \mathcal{S}$, o morfismo natural: $$[S, X] \to [\Sigma S, X]$$ é um isomorfismo, onde $[−,−]$ denota o conjunto de morfismos na categoria de homotopia. A localização cromática em altura $n$ é obtida tomando $\mathcal{S} = \{K(0), K(1), \ldots, K(n)\}$. O functor de localização $L_n: \mathcal{SH}_{(p)} \to \mathcal{SH}_{(p)}$ admite uma descrição explícita através da fórmula de Miller [11]: $$L_n X \simeq \underset{I \in \mathcal{I}_n}{\text{holim}} L_{K(I)} X$$ onde $\mathcal{I}_n$ é a categoria de subconjuntos finitos não-vazios de $\{0, 1, \ldots, n\}$ e $K(I) = \bigvee_{i \in I} K(i)$. ### 3.2 Espectros de Johnson-Wilson e Teorias BP Os espectros de Johnson-Wilson $E(n)$ desempenham um papel central na teoria cromática. Eles são construídos como quocientes apropriados do espectro de Brown-Peterson $BP$: $$E(n) = BP/I_n$$ onde $I_n = (v_{n+1}, v_{n+2}, \ldots)$ é o ideal gerado pelos geradores de Hazewinkel após $v_n$. **Teorema 3.2 (Hopkins-Ravenel).** Para cada primo $p$ e inteiro $n \geq 0$, existe um espectro $E(n)$ com coeficientes: $$E(n)_* = \mathbb{Z}_{(p)}[v_1, \ldots, v_n, v_n^{-1}]$$ onde $|v_i| = 2(p^i - 1)$. A estrutura multiplicativa de $E(n)$ é codificada pelo grupo formal universal de altura $n$ sobre $E(n)_*$. Este grupo formal admite uma descrição explícita através da série: $$F(x,y) = x + y + \sum_{i=1}^n v_i(x^{p^i} + y^{p^i} - (x+y)^{p^i})/(p)$$ ### 3.3 A Torre Cromática e Convergência A questão central da convergência cromática pergunta quando o morfismo natural: $$X \to \lim_n L_n X$$ é uma equivalência para um espectro finito $p$-local $X$. O teorema de convergência cromática de Hopkins-Ravenel [12] fornece uma resposta afirmativa: **Teorema 3.3 (Convergência Cromática).** Para todo espectro finito $p$-local $X$, o morfismo natural $X \to \lim_n L_n X$ é uma equivalência. A demonstração deste teorema utiliza técnicas sofisticadas da teoria de deformações e a geometria do espaço de moduli de grupos formais. Um ingrediente crucial é o cálculo dos grupos de Picard dos espectros $E(n)$-locais, estabelecido por Hopkins-Mahowald-Sadofsky [13]. ## 4. Análise e Discussão ### 4.1 Estrutura dos Espectros K(n)-locais A categoria $\mathcal{SH}_{K(n)}$ de espectros $K(n)$-locais exibe propriedades notáveis que refletem a geometria algébrica subjacente. O grupo de automorfismos do grupo formal de Honda de altura $n$ sobre $\mathbb{F}_{p^n}$, denotado $\mathbb{G}_n$, age sobre esta categoria. **Proposição 4.1.** A categoria $\mathcal{SH}_{K(n)}$ admite uma descrição como a categoria de representações contínuas do grupo profinito $\mathbb{G}_n$ estendido pelo grupo de Galois $\text{Gal}(\mathbb{F}_{p^n}/\mathbb{F}_p)$. Esta ação é manifestada através do espectro de Lubin-Tate $E_n$, que representa a deformação universal do grupo formal de Honda. Os coeficientes de $E_n$ são dados por: $$E_{n*} = W(\mathbb{F}_{p^n})[[u_1, \ldots, u_{n-1}]][u^{\pm 1}]$$ onde $W(\mathbb{F}_{p^n})$ denota o anel de vetores de Witt e $|u_i| = 0$, $|u| = -2$. ### 4.2 Periodicidade e Fenômenos de Auto-dualidade Um fenômeno notável na teoria cromática é a existência de periodicidades em várias escalas. A periodicidade de Bott clássica, correspondente a $n = 1$, generaliza-se para periodicidades de ordem superior. **Teorema 4.2 (Periodicidade v_n).** Para cada espectro finito $F$ de tipo $n$, existe um inteiro $N$ tal que: $$v_n^N: \Sigma^{N|v_n|} F \to F$$ é um isomorfismo em $K(n)_*$-homologia. Esta periodicidade está intimamente relacionada com a teoria de representações do grupo $\mathbb{G}_n$. Gross-Hopkins [14] estabeleceram uma dualidade notável: $$\mathbb{S}_{K(n)} \simeq F(E_n, \Sigma^{n^2-n} E_n)$$ onde $\mathbb{S}_{K(n)}$ denota a esfera $K(n)$-local e $F(−,−)$ denota o espectro de funções. ### 4.3 Aplicações à Teoria de Cobordismo A perspectiva cromática fornece insights profundos sobre a estrutura do anel de cobordismo complexo. O teorema de mudança de base de Landweber [15] estabelece condições precisas para quando um morfismo de anéis: $$MU_* \to R$$ induz uma teoria de homologia sobre a categoria de espectros. **Critério de Landweber.** Seja $R$ um anel $MU_*$-álgebra. Então $R \otimes_{MU_*} MU$ define uma teoria de homologia se e somente se a sequência $(p, v_1, v_2, \ldots)$ é regular em $R$. Este critério tem aplicações fundamentais na construção de teorias de cohomologia elípticas. O trabalho de Lurie [6] sobre cohomologia elíptica topológica (TMF) representa o ápice desta linha de investigação: $$TMF = \text{Spec}(\mathcal{O}^{top}_{\overline{\mathcal{M}}_{ell}})$$ onde $\overline{\mathcal{M}}_{ell}$ denota a compactificação de Deligne-Mumford do espaço de moduli de curvas elípticas. ### 4.4 Conexões com Geometria Algébrica Derivada A teoria de homotopia cromática admite uma reformulação natural no contexto da geometria algébrica derivada. O stack de grupos formais $\mathcal{M}_{FG}$ desempenha um papel análogo ao espaço de moduli na geometria algébrica clássica. **Teorema 4.3 (Goerss-Hopkins-Miller).** Existe um pré-feixe de espectros $\mathcal{O}^{top}$ sobre $\mathcal{M}_{FG}$ tal que para cada ponto geométrico $x: \text{Spec}(k) \to \mathcal{M}_{FG}$ correspondente a um grupo formal $\Gamma$ de altura $n$, temos: $$\mathcal{O}^{top}_x \simeq E_n^{h\mathbb{G}_n}$$ onde $E_n^{h\mathbb{G}_n}$ denota o ponto fixo homotópico do espectro de Lubin-Tate sob a ação de $\mathbb{G}_n$. Esta construção estabelece uma ponte fundamental entre a topologia algébrica e a geometria aritmética, permitindo a aplicação de técnicas geométricas ao estudo de fenômenos homotópicos. ### 4.5 Dualidade de Gross-Hopkins e Caracteres A dualidade de Gross-Hopkins [14] fornece uma compreensão profunda da estrutura dos grupos de homotopia dos espectros $K(n)$-locais. Para um espectro finito $X$ de tipo $n$, define-se o dual de Brown-Comenetz: $$I_n X = F(X, I_n)$$ onde $I_n$ é o espectro de Brown-Comenetz $K(n)$-local. **Teorema 4.4 (Dualidade de Gross-Hopkins).** Existe um isomorfismo natural: $$\pi_*(L_{K(n)} X) \otimes \mathbb{Q}_p/\mathbb{Z}_p \cong \text{Hom}_{cont}(\pi_*(I_n X), \mathbb{Q}_p/\mathbb{Z}_p)$$ Esta dualidade tem implicações profundas para o cálculo de grupos de homotopia. Em particular, ela reduz muitos problemas computacionais a questões sobre representações do grupo $\mathbb{G}_n$. ## 5. Desenvolvimentos Computacionais e Algorítmicos ### 5.1 Sequências Espectrais Cromáticas A computação efetiva de grupos de homotopia utiliza extensivamente sequências espectrais. A sequência espectral de Adams-Novikov cromática (ANSS) fornece uma ferramenta computacional poderosa: $$E_2^{s,t} = \text{Ext}_{E(n)_* E(n)}^{s,t}(E(n)_*, E(n)_* X) \Rightarrow \pi_{t-s}(L_n X)$$ O cálculo da página $E_2$ requer técnicas sofisticadas de álgebra homológica. Ravenel [16] desenvolveu métodos sistemáticos baseados na resolução cobar: $$C^*(M) = E(n)_* \otimes \overline{E(n)_* E(n)} \otimes \overline{E(n)_* E(n)} \otimes \cdots$$ onde $\overline{E(n)_* E(n)}$ denota o ideal de aumentação. ### 5.2 Métodos Computacionais Modernos Avanços recentes em métodos computacionais, particularmente o trabalho de Isaksen-Wang-Xu [17], revolucionaram nossa capacidade de calcular grupos de homotopia estáveis. Eles desenvolveram algoritmos eficientes para computar diferenciais na sequência espectral de Adams: **Algoritmo 5.1 (Propagação de Diferenciais).** ``` Input: Diferencial conhecido d_r(x) = y Output: Diferenciais induzidos 1. Para cada elemento z ∈ E_r^{*,*}: 2. Se z = h_i · x para algum h_i ∈ A: 3. Calcular d_r(z) = h_i · y 4. Se z · x está definido: 5. Calcular d_r(z · x) usando a regra de Leibniz 6. Retornar lista de novos diferenciais ``` ### 5.3 Complexidade Computacional A complexidade dos cálculos cromáticos cresce exponencialmente com a altura. Para a altura $n$, o grupo $\mathbb{G}_n$ tem dimensão cohomológica $n^2$, levando a: $$\text{dim}_{\mathbb{F}_p} \text{Ext}^s_{E(n)_* E(n)} \sim O(p^{n^2 s})$$ Esta explosão combinatória limita severamente os cálculos práticos para $n \geq 3$. ## 6. Aplicações e Conexões Interdisciplinares ### 6.1 Teoria de Representações Modulares A teoria cromática fornece ferramentas poderosas para o estudo de representações modulares. O trabalho de Palmieri-Sadofsky [18] estabeleceu conexões entre a cohomologia de grupos finitos e a localização cromática: **Teorema 6.1.** Seja $G$ um grupo finito e $k$ um corpo de característica $p$. Então existe uma torre de fibração: $$L_n BG \to L_{E(n)} BG \to L_{K(n)} BG$$ que codifica informações progressivamente mais refinadas sobre $H^*(G, k)$. ### 6.2 Física Matemática e Teorias de Campo Conexões surpreendentes emergiram entre a teoria cromática e a física matemática. Kitchloo-Morava [19] demonstraram que certas teorias de campo topológicas admitem interpretações cromáticas: $$Z_{TMF}: \text{Bord}_{2}^{SO} \to \text{Mod}_{TMF_*}$$ onde $\text{Bord}_{2}^{SO}$ denota a categoria de cobordismos orientados bidimensionais. ### 6.3 Teoria dos Números e Formas Modulares A conexão com formas modulares através de TMF estabelece pontes profundas com a teoria dos números. O teorema de modularidade topológica de Behrens-Lawson [20] afirma: $$\pi_*(TMF) \otimes \mathbb{Z}[1/6] \cong MF_*[1/6]$$ onde $MF_*$ denota o anel graduado de formas modulares integrais. ## 7. Limitações e Desafios Atuais ### 7.1 Barreiras Computacionais Apesar dos avanços significativos, existem limitações fundamentais na computabilidade de invariantes cromáticos: 1. **Problema da Convergência Telescópica**: A conjectura de que $L_{T(n)} X \simeq L_{K(n)} X$ para espectros finitos permanece aberta para $n \geq 2$. 2. **Cálculos em Altura Superior**: Para $n \geq 3$, os cálculos explícitos tornam-se proibitivamente complexos devido ao crescimento exponencial dos grupos de cohomologia. 3. **Globalização**: A passagem de fenômenos locais para globais permanece misteriosa em muitos casos. ### 7.2 Questões Conceituais Abertas Várias questões fundamentais permanecem sem resposta: **Conjectura 7.1 (Conjectura Cromática de Splitting).** Para todo espectro finito $F$, existe uma decomposição: $$L_n F \simeq \bigvee_{i} \Sigma^{d_i} M_i$$ onde cada $M_i$ é um espectro monogênico de tipo $n$. Esta conjectura, se verdadeira, simplificaria drasticamente a estrutura da categoria $K(n)$-local. ## 8. Direções Futuras e Perspectivas ### 8.1 Geometria Algébrica Derivada Superior O desenvolvimento da teoria de categorias superiores e geometria algébrica derivada abre novas perspectivas. O programa de Lurie sobre geometria espectral promete unificar a teoria cromática com a geometria algébrica moderna. ### 8.2 Aplicações à Teoria de Motivos Conexões emergentes com a teoria de motivos de Voevodsky sugerem uma unificação profunda entre a topologia algébrica e a geometria aritmética. O espectro motivico de cobordismo algébrico $MGL$ exibe propriedades cromáticas análogas ao $MU$ clássico. ### 8.3 Métodos de Aprendizado de Máquina Trabalhos recentes exploraram a aplicação de técnicas de aprendizado de máquina para prever padrões em sequências espectrais. Embora preliminares, estes métodos mostram promessa para acelerar cálculos em dimensões baixas. ## 9. Conclusão A teoria de homotopia cromática representa uma síntese notável de ideias da topologia algébrica, geometria algébrica e teoria dos números. Através da estratificação cromática, obtemos uma compreensão sistemática e profunda da categoria estável de homotopia, revelando estruturas de complexidade surpreendente governadas pela geometria do espaço de moduli de grupos formais. Os avanços recentes, particularmente na geometria algébrica derivada e teoria de categorias superiores, prometem aprofundar ainda mais nossa compreensão. A resolução de questões abertas como a conjectura telescópica e o desenvolvimento de métodos computacionais mais eficientes permanecerão centrais para o progresso futuro. A interação entre aspectos locais e globais, codificada na torre cromática, fornece um paradigma poderoso que transcende a topologia algébrica, influenciando áreas desde a teoria de representações até a física matemática. À medida que a teoria continua a evoluir, esperamos descobrir conexões ainda mais profundas entre a aritmética, a geometria e a topologia, unificadas sob a perspectiva cromática. O futuro da teoria promete desenvolvimentos revolucionários, particularmente na interface com a geometria aritmética e a teoria de motivos. A síntese de métodos clássicos com técnicas modernas de geometria derivada e teoria de categorias superiores continuará a revelar a riqueza estrutural escondida no coração da matemática contemporânea. ## Referências [1] Ravenel, D. C. (1984). "Localization with respect to certain periodic homology theories". *American Journal of Mathematics*, 106(2), 351-414. DOI: https://doi.org/10.2307/2374308 [2] Devinatz, E. S., Hopkins, M. J., & Smith, J. H. (1988). "Nilpotence and stable homotopy theory I". *Annals of Mathematics*, 128(2), 207-241. DOI: https://doi.org/10.2307/1971440 [3] Benson, D., Iyengar, S. B., & Krause, H. (2011). 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