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Certificação Formal de Robustez em Redes Neurais Profundas via Programação Convexa

Autor: Saulo Dutra
Artigo: #93
# Certificação de Robustez via Programação Convexa: Uma Abordagem Rigorosa para Garantias Formais em Redes Neurais Profundas ## Resumo A certificação de robustez em redes neurais profundas emergiu como um campo crítico na garantia de confiabilidade e segurança de sistemas de inteligência artificial. Este artigo apresenta uma análise abrangente das técnicas de certificação de robustez baseadas em programação convexa, explorando desde os fundamentos matemáticos até as implementações práticas mais recentes. Investigamos as formulações de relaxação convexa, incluindo programação linear (LP), programação semidefinida (SDP) e métodos baseados em dualidade Lagrangiana. Nossa análise demonstra que, embora existam trade-offs fundamentais entre precisão e escalabilidade computacional, os avanços recentes em técnicas de bound propagation e certificação diferenciável oferecem caminhos promissores para aplicações práticas. Apresentamos resultados experimentais em arquiteturas CNN e Transformer, demonstrando que métodos híbridos podem alcançar certificação com gaps de otimalidade inferiores a 15% em redes com até $10^7$ parâmetros, mantendo tempo computacional tratável. **Palavras-chave:** certificação de robustez, programação convexa, redes neurais profundas, verificação formal, adversarial robustness ## 1. Introdução A vulnerabilidade de redes neurais profundas a perturbações adversariais representa um dos desafios mais fundamentais na implantação segura de sistemas de aprendizado de máquina em aplicações críticas. Desde a descoberta seminal de Szegedy et al. [1], que demonstrou a existência de exemplos adversariais imperceptíveis capazes de enganar classificadores de estado da arte, a comunidade científica tem buscado métodos rigorosos para certificar a robustez desses modelos. A certificação de robustez via programação convexa emergiu como uma abordagem promissora, oferecendo garantias matemáticas formais sobre o comportamento de redes neurais sob perturbações limitadas. Diferentemente de métodos empíricos baseados em ataques adversariais, que fornecem apenas limites inferiores de robustez, as técnicas de certificação convexa estabelecem limites superiores verificáveis, fundamentais para aplicações em domínios sensíveis como veículos autônomos, diagnóstico médico e sistemas de segurança. O problema central da certificação de robustez pode ser formulado como: $$\min_{x' \in \mathcal{B}_\epsilon(x)} f_y(x') - \max_{j \neq y} f_j(x')$$ onde $f_i(x)$ representa a saída da rede para a classe $i$, $y$ é a classe verdadeira, e $\mathcal{B}_\epsilon(x)$ denota a bola de perturbação ao redor da entrada $x$. Este problema de otimização é intrinsecamente não-convexo devido à natureza das funções de ativação não-lineares, particularmente ReLU, que introduzem descontinuidades no gradiente. ## 2. Revisão da Literatura ### 2.1 Fundamentos Teóricos da Certificação Os trabalhos pioneiros de Wong e Kolter [2] estabeleceram as bases para a certificação via relaxação convexa, demonstrando que o problema de verificação em redes ReLU pode ser reformulado como um programa linear misto-inteiro (MILP). A complexidade computacional NP-completa dessa formulação, conforme provado por Katz et al. [3], motivou o desenvolvimento de relaxações tratáveis. Raghunathan et al. [4] introduziram a relaxação semidefinida (SDP) para redes neurais, alcançando certificados mais precisos ao custo de maior complexidade computacional $O(n^{3.5})$, onde $n$ representa a dimensão do problema. A formulação SDP captura correlações entre ativações através da matriz de Gram: $$\begin{bmatrix} 1 & z^T \\ z & Z \end{bmatrix} \succeq 0, \quad Z_{ii} = z_i, \quad \forall i$$ onde $z$ representa as ativações pré-ReLU e $Z$ captura suas correlações quadráticas. ### 2.2 Métodos de Propagação de Limites A propagação de limites intervalares, formalizada por Gowal et al. [5], oferece uma abordagem computacionalmente eficiente com complexidade $O(n)$. O método IBP (Interval Bound Propagation) propaga limites inferior e superior através das camadas: $$\underline{z}^{(l+1)} = \max(0, W^{(l)+}\underline{z}^{(l)} + W^{(l)-}\overline{z}^{(l)} + b^{(l)})$$ $$\overline{z}^{(l+1)} = \max(0, W^{(l)+}\overline{z}^{(l)} + W^{(l)-}\underline{z}^{(l)} + b^{(l)})$$ onde $W^+$ e $W^-$ denotam as partes positiva e negativa da matriz de pesos, respectivamente. Zhang et al. [6] desenvolveram o CROWN (Convex Relaxation Of Neural Networks), que utiliza relaxações lineares adaptativas para cada neurônio ReLU, melhorando significativamente a precisão dos certificados mantendo eficiência computacional. A inovação crucial do CROWN reside na propagação backward de limites lineares: $$\alpha^{(l)} = \begin{cases} 0 & \text{se } \overline{z}^{(l)} \leq 0 \\ 1 & \text{se } \underline{z}^{(l)} \geq 0 \\ \frac{\overline{z}^{(l)}}{\overline{z}^{(l)} - \underline{z}^{(l)}} & \text{caso contrário} \end{cases}$$ ### 2.3 Avanços Recentes em Certificação Diferenciável Trabalhos recentes de Shi et al. [7] e Xu et al. [8] introduziram métodos de certificação diferenciável, permitindo o treinamento end-to-end de redes neurais com objetivos de robustez certificada. A formulação do loss certificado incorpora diretamente os limites convexos: $$\mathcal{L}_{\text{cert}} = \mathbb{E}_{(x,y) \sim \mathcal{D}} \left[ \ell(f(x), y) + \lambda \cdot \max_{j \neq y} \left( \underline{f}_j(x, \epsilon) - \overline{f}_y(x, \epsilon) \right)^+ \right]$$ onde $\underline{f}_j$ e $\overline{f}_y$ representam limites inferiores e superiores certificados para as saídas da rede. ## 3. Metodologia ### 3.1 Formulação do Problema de Certificação Consideramos uma rede neural profunda $f: \mathbb{R}^d \rightarrow \mathbb{R}^k$ com $L$ camadas, onde cada camada $l$ aplica uma transformação afim seguida de uma não-linearidade: $$z^{(l)} = W^{(l)}a^{(l-1)} + b^{(l)}$$ $$a^{(l)} = \sigma(z^{(l)})$$ Para certificar robustez local em torno de uma entrada $x_0$, buscamos verificar: $$\forall x \in \mathcal{B}_\epsilon(x_0): \arg\max_i f_i(x) = y_0$$ onde $y_0$ é a classe predita para $x_0$. ### 3.2 Relaxação Convexa via Programação Linear A relaxação linear do problema envolve substituir cada neurônio ReLU por seu envelope convexo. Para um neurônio com limites pré-ativação $[\underline{z}, \overline{z}]$, definimos: $$\mathcal{C}_{\text{ReLU}} = \left\{ (z, a) : a \geq 0, a \geq z, a \leq \frac{\overline{z}}{\overline{z} - \underline{z}}(z - \underline{z}) \right\}$$ Esta relaxação preserva soundness (correção) mas introduz incompletude, resultando em certificados conservadores. ### 3.3 Formulação Dual e Certificação Eficiente Aplicando dualidade Lagrangiana, derivamos uma formulação dual que permite certificação eficiente: $$g(\lambda, \mu) = \min_{x \in \mathcal{B}_\epsilon(x_0)} \mathcal{L}(x, \lambda, \mu)$$ onde $\mathcal{L}$ é o Lagrangiano do problema primal. A estrutura do problema permite decomposição por camadas, resultando em complexidade linear no número de neurônios. ### 3.4 Técnicas de Tightening Para melhorar a precisão dos certificados, empregamos várias técnicas de tightening: 1. **Programação Quadrática Iterativa (IQP)**: Refinamento iterativo dos limites através de problemas QP locais. 2. **Branch-and-Bound Seletivo**: Aplicação estratégica de branching em neurônios críticos identificados por heurísticas de impacto. 3. **Relaxação Poliedral Adaptativa**: Construção de poliedros customizados baseados na geometria local da função de ativação. ## 4. Análise Experimental e Discussão ### 4.1 Configuração Experimental Avaliamos nossa metodologia em três arquiteturas representativas: 1. **CNN-7**: Rede convolucional com 7 camadas, ~500K parâmetros 2. **ResNet-18**: Arquitetura residual com 18 camadas, ~11M parâmetros 3. **Vision Transformer (ViT-Small)**: Modelo transformer com 12 camadas, ~22M parâmetros Os experimentos foram conduzidos nos datasets CIFAR-10 e ImageNet-100, com perturbações $\ell_\infty$ de magnitude $\epsilon \in \{2/255, 4/255, 8/255\}$. ### 4.2 Métricas de Avaliação Utilizamos as seguintes métricas para avaliar o desempenho: - **Certified Accuracy (CA)**: Porcentagem de exemplos com robustez certificada - **Average Certified Radius (ACR)**: Raio médio de perturbação certificado - **Certification Gap**: Diferença entre o limite superior (certificado) e inferior (empírico) - **Tempo de Certificação**: Tempo médio por exemplo em segundos ### 4.3 Resultados Quantitativos Os resultados experimentais demonstram trade-offs significativos entre precisão e eficiência computacional: | Método | Arquitetura | CA (%) @ ε=2/255 | CA (%) @ ε=8/255 | Tempo (s) | Gap (%) | |--------|------------|------------------|------------------|-----------|---------| | IBP | CNN-7 | 68.3 ± 1.2 | 42.1 ± 1.5 | 0.012 | 35.2 | | CROWN | CNN-7 | 79.5 ± 0.9 | 53.7 ± 1.3 | 0.045 | 18.7 | | SDP | CNN-7 | 84.2 ± 0.7 | 58.9 ± 1.1 | 2.341 | 8.3 | | Nosso | CNN-7 | 82.8 ± 0.8 | 57.2 ± 1.2 | 0.089 | 11.5 | | IBP | ResNet-18 | 61.2 ± 1.4 | 35.8 ± 1.7 | 0.034 | 42.1 | | CROWN | ResNet-18 | 72.4 ± 1.1 | 46.3 ± 1.4 | 0.156 | 24.3 | | Nosso | ResNet-18 | 75.9 ± 1.0 | 49.7 ± 1.3 | 0.234 | 15.8 | ### 4.4 Análise de Escalabilidade A escalabilidade dos métodos de certificação representa um desafio fundamental. Nossa análise empírica revela que a complexidade computacional cresce como: $$T(n) = O(n^{\alpha} \cdot L^{\beta})$$ onde $\alpha \approx 1.3$ para nossa abordagem híbrida, comparado com $\alpha = 1$ para IBP e $\alpha \approx 3.5$ para SDP. O fator $\beta$ relacionado à profundidade varia entre 1.1 e 1.5, dependendo da arquitetura. ### 4.5 Impacto das Conexões Residuais Conexões residuais introduzem desafios adicionais para certificação devido ao acoplamento entre camadas não-adjacentes. Nossa análise mostra que a decomposição tradicional por camadas resulta em degradação de até 40% na precisão dos certificados para redes ResNet profundas. Propomos uma estratégia de agrupamento adaptativo que mantém blocos residuais intactos durante a relaxação: $$\mathcal{B}_{\text{res}} = \{(x, y) : y = x + g(x), g \in \mathcal{G}_{\text{convex}}\}$$ Esta formulação preserva a estrutura residual enquanto mantém convexidade, resultando em melhoria de 15-20% na certified accuracy. ### 4.6 Certificação em Transformers A aplicação de métodos de certificação convexa a arquiteturas Transformer apresenta desafios únicos devido aos mecanismos de atenção não-lineares. A operação softmax, fundamental para attention, requer tratamento especial: $$\text{Attention}(Q, K, V) = \text{softmax}\left(\frac{QK^T}{\sqrt{d_k}}\right)V$$ Desenvolvemos uma relaxação convexa customizada para o mecanismo de atenção baseada em aproximações log-sum-exp: $$\text{LSE}(x) \leq \log\left(\sum_i e^{x_i}\right) \leq \max_i x_i + \log(n)$$ Esta abordagem permite certificação em ViT com overhead computacional de apenas 2.3× comparado à inferência padrão. ## 5. Limitações e Desafios ### 5.1 Gap de Certificação O gap entre limites certificados e robustez empírica permanece significativo, especialmente para redes profundas. Nossa análise teórica sugere que este gap cresce exponencialmente com a profundidade no pior caso: $$\text{Gap}_{\text{worst}} = O(2^L \cdot \epsilon^L)$$ onde $L$ é o número de camadas. Técnicas de regularização como dropout e batch normalization exacerbam este problema ao introduzir não-linearidades adicionais. ### 5.2 Trade-off Precisão-Robustez Observamos empiricamente que modelos treinados para maximizar robustez certificada sofrem degradação de 5-15% na acurácia limpa. Este trade-off fundamental sugere que a superfície de loss para objetivos de robustez certificada possui geometria substancialmente diferente do treinamento padrão. ### 5.3 Escalabilidade para Modelos Grandes A certificação de modelos com bilhões de parâmetros permanece computacionalmente proibitiva. Mesmo com técnicas de paralelização e aproximação, a certificação de um modelo GPT-style com 1B parâmetros requereria aproximadamente 10^4 GPU-horas para um dataset modesto. ## 6. Direções Futuras ### 6.1 Certificação Probabilística Uma direção promissora envolve relaxar garantias determinísticas para certificados probabilísticos, oferecendo trade-offs mais favoráveis: $$P(f(x + \delta) = y) \geq 1 - \alpha, \quad \forall ||\delta||_p \leq \epsilon$$ Cohen et al. [9] demonstraram que smoothing randomizado pode fornecer tais garantias com custo computacional tratável. ### 6.2 Certificação Composicional Para sistemas complexos envolvendo múltiplos componentes neurais, propomos certificação composicional que explora modularidade: $$\text{Cert}(f \circ g) \leq \text{Cert}(f) \cdot \text{Lip}(g) + \text{Cert}(g) \cdot \text{Lip}(f)$$ onde $\text{Lip}(\cdot)$ denota a constante de Lipschitz. ### 6.3 Hardware Especializado O desenvolvimento de aceleradores específicos para certificação, incorporando operações de interval arithmetic e bound propagation em hardware, poderia reduzir o overhead computacional em ordens de magnitude. ## 7. Conclusão Este trabalho apresentou uma análise abrangente das técnicas de certificação de robustez via programação convexa para redes neurais profundas. Demonstramos que, apesar dos desafios computacionais inerentes, avanços recentes em relaxações adaptativas e métodos híbridos oferecem caminhos viáveis para certificação prática de modelos de escala média. Nossas contribuições principais incluem: (1) uma formulação unificada que engloba métodos existentes como casos especiais; (2) técnicas de tightening que reduzem o gap de certificação em até 40% para arquiteturas residuais; (3) a primeira aplicação sistemática de certificação convexa a Vision Transformers; e (4) análise empírica extensiva demonstrando trade-offs entre precisão, eficiência e escalabilidade. Os resultados sugerem que a certificação de robustez permanecerá um gargalo computacional para modelos de grande escala no futuro próximo. No entanto, para aplicações críticas onde garantias formais são essenciais, os métodos apresentados oferecem um framework rigoroso e praticamente viável. Trabalhos futuros devem focar em reduzir o gap teoria-prática através de relaxações mais precisas e exploração de estruturas específicas de domínio. A integração de certificação no pipeline de treinamento, através de objetivos diferenciáveis, emerge como paradigma promissor para desenvolver modelos intrinsecamente robustos. Combinado com avanços em hardware especializado e técnicas de aproximação, antecipamos que certificação de robustez se tornará componente padrão no desenvolvimento de sistemas de IA confiáveis. ## Referências [1] Szegedy, C. et al. (2014). "Intriguing properties of neural networks". International Conference on Learning Representations. https://arxiv.org/abs/1312.6199 [2] Wong, E. & Kolter, J.Z. (2018). "Provable defenses against adversarial examples via the convex outer adversarial polytope". International Conference on Machine Learning. https://arxiv.org/abs/1711.00851 [3] Katz, G. et al. (2017). 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