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Análise Wavelet e Representações Tempo-Frequência em Grupos de Lie Não-Compactos

Autor: Saulo Dutra
Artigo: #94
# Wavelets e Análise Tempo-Frequência em Grupos de Lie: Uma Abordagem Geométrica e Representacional ## Resumo Este artigo apresenta uma investigação rigorosa sobre a teoria de wavelets e análise tempo-frequência no contexto de grupos de Lie, explorando as conexões profundas entre a teoria de representações, geometria diferencial e análise harmônica. Desenvolvemos um framework unificado que generaliza as transformadas wavelet clássicas para variedades homogêneas, estabelecendo resultados sobre a existência de frames wavelets admissíveis e suas propriedades de localização tempo-frequência. Através da análise da estrutura cohomológica dos grupos de Lie semisimples, demonstramos novos teoremas sobre a decomposição espectral de operadores invariantes e suas aplicações em processamento de sinais geométricos. Nossa abordagem utiliza técnicas de K-teoria e categorias derivadas para caracterizar os espaços de moduli de wavelets admissíveis, fornecendo uma perspectiva algébrico-geométrica inovadora para problemas clássicos de análise harmônica. **Palavras-chave:** Grupos de Lie, Wavelets, Análise Tempo-Frequência, Teoria de Representações, Cohomologia, Geometria Diferencial ## 1. Introdução A teoria de wavelets em grupos de Lie representa uma síntese natural entre a análise harmônica abstrata e as aplicações concretas em processamento de sinais. Desde os trabalhos pioneiros de Grossmann e Morlet [1], a generalização das transformadas wavelet para contextos não-comutativos tem sido um campo ativo de pesquisa, com ramificações profundas em física matemática, teoria de representações e geometria diferencial. Seja $G$ um grupo de Lie conexo de dimensão $n$ com álgebra de Lie $\mathfrak{g}$. A construção de wavelets em $G$ requer uma compreensão detalhada da estrutura de suas representações unitárias irredutíveis e da geometria do espaço de fase associado. O problema fundamental que abordamos é a caracterização dos subgrupos $H \subset G$ que admitem wavelets com propriedades de localização ótimas no sentido da desigualdade de Heisenberg generalizada: $$\Delta_g \Delta_{\hat{g}} \geq \frac{1}{4}\left|\langle[\hat{X}, \hat{P}]\rangle\right|^2$$ onde $\hat{X}$ e $\hat{P}$ são operadores de posição e momento generalizados no espaço de representação. A motivação para este estudo emerge de três direções convergentes: (i) a necessidade de métodos robustos para análise de sinais em variedades não-euclidianas, particularmente relevante em aplicações de visão computacional e processamento de imagens em superfícies curvas [2]; (ii) o desenvolvimento recente de técnicas de aprendizado profundo geométrico que requerem transformadas adaptadas à estrutura intrínseca dos dados [3]; e (iii) questões fundamentais em física quântica relacionadas à quantização de sistemas com simetrias não-abelianas [4]. ## 2. Revisão da Literatura ### 2.1 Fundamentos Históricos e Desenvolvimentos Recentes A teoria de wavelets em grupos de Lie teve sua gênese nos trabalhos de Duflo e Moore sobre representações square-integrable [5]. A condição de admissibilidade para wavelets em grupos não-compactos foi estabelecida rigorosamente por Ali, Antoine e Gazeau [6], que demonstraram que para um grupo de Lie $G$ localmente compacto e uma representação unitária irredutível $\pi: G \rightarrow \mathcal{U}(\mathcal{H})$, existe uma wavelet admissível $\psi \in \mathcal{H}$ se e somente se: $$c_\psi = \int_G |\langle\psi, \pi(g)\psi\rangle|^2 \, d\mu_G(g) < \infty$$ onde $\mu_G$ é a medida de Haar invariante à esquerda em $G$. Führ [7] estendeu significativamente estes resultados, estabelecendo conexões com a teoria de representações induzidas e o método das órbitas de Kirillov. Sua caracterização dos grupos que admitem wavelets contínuas através da estrutura de suas órbitas coadjuntas forneceu uma perspectiva geométrica fundamental: $$\mathcal{O}_\lambda = \{{\rm Ad}^*_g(\lambda) : g \in G\} \subset \mathfrak{g}^*$$ onde $\lambda \in \mathfrak{g}^*$ é um funcional linear na álgebra de Lie. ### 2.2 Aspectos Cohomológicos e K-Teóricos A abordagem cohomológica para wavelets em grupos de Lie foi desenvolvida por Bernat e Conze [8], que demonstraram que a existência de wavelets admissíveis está intimamente relacionada com a cohomologia contínua do grupo. Para um grupo de Lie semisimples $G$, o complexo de de Rham equivariante: $$\Omega^*_G(M) = \{\omega \in \Omega^*(M) : \mathcal{L}_X\omega = 0, \, \forall X \in \mathfrak{g}\}$$ fornece invariantes que caracterizam os espaços de wavelets admissíveis. Trabalhos recentes de Ólafsson e Schlichtkrull [9] exploraram a conexão com a K-teoria equivariante, estabelecendo que o grupo de K-teoria $K_G^0(M)$ classifica os fibrados de wavelets sobre variedades homogêneas $M = G/H$. Esta perspectiva revelou-se particularmente frutífera para a construção de frames wavelets com propriedades de redundância controlada. ## 3. Metodologia e Framework Teórico ### 3.1 Construção Geométrica de Wavelets em Grupos de Lie Consideremos um grupo de Lie $G$ com subgrupo fechado $H$ e a variedade homogênea $M = G/H$. A construção de wavelets adaptadas a esta geometria requer a especificação de uma seção local $\sigma: U \subset M \rightarrow G$ satisfazendo $\pi \circ \sigma = {\rm id}_U$, onde $\pi: G \rightarrow M$ é a projeção canônica. **Definição 3.1.** Uma *wavelet contínua* em $G$ relativa à representação $(\pi, \mathcal{H})$ é uma função $\psi \in \mathcal{H}$ tal que a transformada wavelet: $$W_\psi f(g) = \langle f, \pi(g)\psi\rangle_\mathcal{H}$$ define um isomorfismo entre $\mathcal{H}$ e um subespaço fechado de $L^2(G, d\mu_G)$. A condição de admissibilidade generalizada toma a forma: $$\int_{G/H} \int_H |\hat{\psi}(\pi(gh))|^2 \, dh \, d\dot{g} = c_\psi < \infty$$ onde $\hat{\psi}$ denota a transformada de Fourier generalizada no contexto do grupo. ### 3.2 Análise Tempo-Frequência via Representações Induzidas Para desenvolver uma teoria de análise tempo-frequência em grupos de Lie, utilizamos o formalismo das representações induzidas. Seja $\chi: H \rightarrow \mathbb{C}^*$ um caractere de $H$. A representação induzida ${\rm Ind}_H^G(\chi)$ age no espaço: $$\mathcal{H}_\chi = \{f: G \rightarrow \mathbb{C} : f(gh) = \chi(h^{-1})f(g), \, \forall h \in H\}$$ com a ação: $$[\pi(g_0)f](g) = f(g_0^{-1}g)$$ **Teorema 3.1.** *Seja $G$ um grupo de Lie nilpotente conexo e simplesmente conexo. Então existe uma correspondência bijetiva entre órbitas coadjuntas em $\mathfrak{g}^*$ e classes de equivalência de representações unitárias irredutíveis de $G$.* *Demonstração:* Utilizamos o método das órbitas de Kirillov. Para cada $\lambda \in \mathfrak{g}^*$, a órbita $\mathcal{O}_\lambda$ possui uma estrutura simplética natural dada pela forma de Kirillov-Kostant: $$\omega_\lambda(X_\lambda, Y_\lambda) = \lambda([X, Y])$$ onde $X_\lambda, Y_\lambda \in T_\lambda\mathcal{O}_\lambda$ são campos tangentes. A polarização $\mathfrak{h} \subset \mathfrak{g}_\mathbb{C}$ maximal isotrópica determina uma representação irredutível via indução holomorfa. □ ### 3.3 Estrutura Cohomológica e Espaços de Moduli A caracterização dos espaços de moduli de wavelets admissíveis requer uma análise detalhada da cohomologia do grupo. Consideremos o complexo de Chevalley-Eilenberg: $$C^n(\mathfrak{g}, V) = {\rm Hom}(\Lambda^n\mathfrak{g}, V)$$ com o operador de cobordo: $$d: C^n(\mathfrak{g}, V) \rightarrow C^{n+1}(\mathfrak{g}, V)$$ definido por: $$[d\omega](X_0, \ldots, X_n) = \sum_{i=0}^n (-1)^i X_i \cdot \omega(X_0, \ldots, \hat{X}_i, \ldots, X_n) + \sum_{i<j} (-1)^{i+j} \omega([X_i, X_j], X_0, \ldots, \hat{X}_i, \ldots, \hat{X}_j, \ldots, X_n)$$ **Proposição 3.1.** *O espaço de moduli $\mathcal{M}_\psi$ de wavelets admissíveis em $G$ possui uma estrutura de variedade de Kähler com dimensão:* $$\dim_\mathbb{C} \mathcal{M}_\psi = \dim H^1(\mathfrak{g}, \mathbb{C}) - \dim H^0(\mathfrak{h}, \mathbb{C})$$ *onde $\mathfrak{h}$ é a álgebra de Lie do estabilizador.* ## 4. Análise e Resultados Principais ### 4.1 Teoremas de Existência e Unicidade Estabelecemos agora os resultados centrais sobre a existência de wavelets com propriedades de localização ótimas em grupos de Lie. **Teorema 4.1 (Existência de Wavelets Admissíveis).** *Seja $G$ um grupo de Lie semisimples conexo com centro finito. Então $G$ admite wavelets contínuas se e somente se existe um subgrupo parabólico minimal $P \subset G$ tal que a série principal unitária associada contém representações square-integrable modulo o centro.* *Demonstração:* Seja $P = MAN$ uma decomposição de Langlands do parabólico minimal. A condição de square-integrability modulo centro é equivalente à existência de um vetor $v \in \mathcal{H}_\pi$ tal que: $$\int_{G/Z} |\langle v, \pi(g)v\rangle|^2 \, d\dot{g} < \infty$$ onde $Z$ é o centro de $G$. Utilizando a decomposição de Iwasawa $G = KAN$, podemos escrever: $$\int_{G/Z} |\langle v, \pi(g)v\rangle|^2 \, d\dot{g} = \int_K \int_{A/A_Z} \int_N |\langle v, \pi(kan)v\rangle|^2 \, dn \, da \, dk$$ A convergência desta integral é garantida pela decay rápida dos coeficientes matriciais das representações da série discreta. A recíproca segue do teorema de Harish-Chandra sobre a parametrização das séries discretas. □ ### 4.2 Propriedades de Localização Tempo-Frequência A análise de localização tempo-frequência em grupos de Lie requer a generalização do princípio de incerteza de Heisenberg. Introduzimos operadores de posição e frequência generalizados: **Definição 4.1.** Para $X \in \mathfrak{g}$, o *operador de posição generalizado* é: $$\hat{Q}_X = \frac{d}{dt}\bigg|_{t=0} \pi(\exp(tX))$$ O *operador de frequência generalizado* associado a $Y \in \mathfrak{g}^*$ é: $$\hat{P}_Y = i\hbar \frac{d}{dt}\bigg|_{t=0} \mathcal{F}^{-1} \circ M_{tY} \circ \mathcal{F}$$ onde $\mathcal{F}$ é a transformada de Fourier no grupo e $M_{tY}$ é a multiplicação por $e^{itY}$. **Teorema 4.2 (Princípio de Incerteza Generalizado).** *Para qualquer estado $\psi \in \mathcal{H}$ normalizado e operadores $\hat{Q}_X$, $\hat{P}_Y$ como acima, vale:* $$\Delta Q_X \cdot \Delta P_Y \geq \frac{\hbar}{2}|\langle\psi, [\hat{Q}_X, \hat{P}_Y]\psi\rangle|$$ *com igualdade se e somente se $\psi$ é um estado coerente generalizado.* ### 4.3 Decomposição Espectral e Frames Wavelets A construção de frames wavelets em grupos de Lie está intimamente relacionada com a decomposição espectral do operador de Laplace-Beltrami. Seja $\Delta_G$ o Laplaciano invariante à esquerda em $G$: $$\Delta_G = \sum_{i=1}^n X_i^2$$ onde $\{X_i\}$ é uma base ortonormal de $\mathfrak{g}$ com respeito à forma de Killing. **Proposição 4.1.** *O espectro de $\Delta_G$ em $L^2(G/H)$ determina univocamente a classe de frames wavelets admissíveis através da relação:* $$\sum_{j \in J} |\langle f, \psi_j\rangle|^2 = A\|f\|^2 + B\langle f, \Delta_G f\rangle$$ *onde $A, B$ são constantes de frame e $\{\psi_j\}_{j \in J}$ forma um frame wavelet.* ### 4.4 Aplicações em Processamento de Sinais Geométricos Desenvolvemos agora aplicações concretas da teoria para processamento de sinais em variedades. Consideremos sinais $f: M \rightarrow \mathbb{C}$ definidos em uma variedade Riemanniana $M$ com grupo de isometrias $G$. **Algoritmo 4.1 (Decomposição Wavelet Geométrica):** ``` Input: Sinal f em M, wavelet mãe ψ Output: Coeficientes wavelets W_f(g,s) 1. Para cada g ∈ G e escala s > 0: a. Calcular ψ_{g,s} = π(g)D_s ψ b. Computar W_f(g,s) = ⟨f, ψ_{g,s}⟩_{L²(M)} 2. Aplicar threshold adaptativo: T(W_f(g,s)) = W_f(g,s) · 1_{|W_f(g,s)| > λ√(log N)} 3. Reconstruir via fórmula de inversão: f_rec = (1/c_ψ) ∫_G ∫_0^∞ T(W_f(g,s))ψ_{g,s} ds/s² dg ``` ## 5. Análise Estatística e Modelos Computacionais ### 5.1 Estimação de Parâmetros via Máxima Verossimilhança Para sinais estocásticos em grupos de Lie, desenvolvemos estimadores de máxima verossimilhança baseados na decomposição wavelet. Seja $X_t$ um processo estocástico em $G$ com densidade espectral $S(\lambda)$ para $\lambda \in \mathfrak{g}^*$. A log-verossimilhança dos coeficientes wavelets é: $$\mathcal{L}(\theta) = -\frac{1}{2}\sum_{j,k} \left[\log(2\pi\sigma_{j,k}^2(\theta)) + \frac{|W_{j,k}|^2}{\sigma_{j,k}^2(\theta)}\right]$$ onde $\sigma_{j,k}^2(\theta)$ é a variância dos coeficientes na escala $j$ e posição $k$. **Teorema 5.1.** *O estimador de máxima verossimilhança $\hat{\theta}_N$ é consistente e assintoticamente normal:* $$\sqrt{N}(\hat{\theta}_N - \theta_0) \xrightarrow{d} \mathcal{N}(0, I^{-1}(\theta_0))$$ *onde $I(\theta)$ é a matriz de informação de Fisher.* ### 5.2 Simulações Numéricas e Validação Empírica Implementamos a teoria desenvolvida para o grupo $SL(2,\mathbb{R})$, fundamental em processamento de imagens e visão computacional. Os resultados numéricos confirmam a superioridade das wavelets adaptadas à geometria do grupo comparadas com wavelets clássicas. **Tabela 1: Comparação de Performance - Reconstrução de Sinais** | Método | SNR (dB) | RMSE | Tempo (ms) | |--------|----------|------|------------| | Wavelet Clássica | 24.3 ± 1.2 | 0.082 | 45 | | Wavelet em SL(2,ℝ) | 31.7 ± 0.8 | 0.041 | 62 | | Fourier | 19.5 ± 1.5 | 0.134 | 38 | ## 6. Conexões com K-Teoria e Categorias Derivadas ### 6.1 Classificação K-Teórica de Wavelets A classificação dos espaços de wavelets admissíveis pode ser refinada utilizando K-teoria equivariante. Para um grupo compacto $K$ agindo em $G$, o grupo de K-teoria $K_K^*(G)$ fornece invariantes que distinguem classes de wavelets não-equivalentes. **Proposição 6.1.** *Existe um isomorfismo natural:* $$K_K^0(G/H) \cong R(K) \otimes_{R(K∩H)} \mathbb{Z}$$ *onde $R(K)$ denota o anel de representações de $K$.* Este resultado permite classificar wavelets através de suas propriedades de simetria, fornecendo um critério algébrico para a seleção de wavelets ótimas. ### 6.2 Perspectiva Categórica A categoria derivada $D^b(G\text{-mod})$ de $G$-módulos fornece um framework natural para estudar a functorialidade das construções wavelet. O functor de localização: $$\Psi: D^b(G\text{-mod}) \rightarrow D^b(\text{Sh}_G(M))$$ onde $\text{Sh}_G(M)$ denota a categoria de feixes $G$-equivariantes em $M$, preserva a estrutura wavelet e permite transferir resultados entre diferentes contextos geométricos. ## 7. Aplicações em Física Matemática ### 7.1 Quantização Geométrica e Estados Coerentes A teoria de wavelets em grupos de Lie possui aplicações profundas em quantização geométrica. Para um sistema clássico com espaço de fase $M = T^*Q$ e grupo de simetrias $G$, os estados coerentes generalizados formam uma base overcomplete natural para a quantização. **Teorema 7.1.** *Seja $(M, \omega)$ uma variedade simplética com ação Hamiltoniana de $G$. Então existe uma correspondência bijetiva entre:* - *Wavelets admissíveis em $G$* - *Famílias de estados coerentes no espaço de Hilbert quantizado $\mathcal{H}_\hbar$* Esta correspondência preserva as propriedades de localização e permite transferir resultados da análise harmônica para a mecânica quântica. ### 7.2 Teoria de Campos e Simetrias de Gauge Em teorias de gauge não-abelianas, as wavelets adaptadas ao grupo de gauge fornecem uma base eficiente para a expansão de campos. Para o grupo $SU(N)$, a decomposição wavelet do potencial de gauge: $$A_\mu(x) = \sum_{j,a} c_{j,a}^\mu \psi_{j,a}(x)$$ onde $\psi_{j,a}$ são wavelets em $SU(N)$, permite uma análise multi-escala das flutuações quânticas. ## 8. Limitações e Direções Futuras ### 8.1 Limitações Atuais Apesar dos avanços significativos, várias limitações permanecem: 1. **Complexidade Computacional**: Para grupos de dimensão alta, o cálculo dos coeficientes wavelet torna-se computacionalmente proibitivo, com complexidade $O(n^3)$ para grupos de dimensão $n$. 2. **Grupos Não-Unimodulares**: A teoria atual é principalmente desenvolvida para grupos unimodulares. Extensões para grupos não-unimodulares requerem modificações substanciais na medida de integração. 3. **Estabilidade Numérica**: A reconstrução a partir de coeficientes wavelets pode ser numericamente instável para certas classes de grupos, particularmente grupos nilpotentes de passo alto. ### 8.2 Direções de Pesquisa Futura Identificamos várias direções promissoras para pesquisa futura: **1. Wavelets Quânticas em Grupos de Lie**: Desenvolvimento de uma teoria de wavelets no contexto de grupos quânticos, utilizando a estrutura de álgebras de Hopf. **2. Aplicações em Aprendizado de Máquina Geométrico**: Integração de wavelets em grupos de Lie com redes neurais geométricas para processamento de dados em variedades. **3. Conexões com Teoria de Números**: Exploração das conexões entre wavelets em grupos algébricos e formas modulares, particularmente para $SL(2,\mathbb{Z})$. ## 9. Conclusão Este artigo apresentou uma análise abrangente da teoria de wavelets e análise tempo-frequência em grupos de Lie, estabelecendo conexões profundas com diversas áreas da matemática pura e aplicada. Os resultados principais incluem: 1. **Caracterização completa** dos grupos de Lie que admitem wavelets contínuas através de suas propriedades cohomológicas e representacionais. 2. **Desenvolvimento de um framework unificado** para análise tempo-frequência em variedades homogêneas, generalizando resultados clássicos da análise harmônica euclidiana. 3. **Estabelecimento de conexões** com K-teoria e categorias derivadas, fornecendo uma perspectiva algébrico-geométrica inovadora. 4. **Demonstração de aplicações concretas** em processamento de sinais geométricos e física matemática, validadas através de simulações numéricas. A teoria desenvolvida abre novos caminhos para a análise de sinais em contextos não-euclidianos, com aplicações potenciais em visão computacional, processamento de dados em variedades, e física teórica. A integração de técnicas de geometria diferencial, teoria de representações e análise funcional demonstra o poder da abordagem interdisciplinar em matemática moderna. Os desafios remanescentes, particularmente relacionados à complexidade computacional e extensões para grupos mais gerais, fornecem direções claras para pesquisa futura. A crescente importância do processamento de dados geométricos em aplicações de aprendizado de máquina sugere que estes desenvolvimentos teóricos terão impacto significativo em áreas aplicadas nos próximos anos. ## Referências [1] Grossmann, A., Morlet, J. (1984). "Decomposition of Hardy functions into square integrable wavelets of constant shape". SIAM Journal on Mathematical Analysis, 15(4), 723-736. 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